poeta FLÁVIO RICARDO CHAVES
A ALMA COMO TESTEMUNHA
Em silêncio galopo nos braços de Deus
lendo um quintal de cartas e madrugadas
Fevereiro traz amor na fábula da sonata
e o céu, o calendário, o brinquedo: são só teus
Onde reina a infância de alfenim no almanaque
da ausência ancorada no relógio da algibeira
rebanhos de fadas ensaiam o riso no parque
como quem escreve amor no lenho da oliveira
Pastores conduzem a linguagem no rebanho do coração
o mistério soletra castelos de vinho do porto
a afagar nos teus olhos a luz viva da mão
Repicando cantigas de cristal em sino de aquarela
que o amor-verão arruma a alma e esconde o tempo
pautando metáforas agudas no horizonte da janela.
Flavio Ricardo Chaves Memorial da distância, 2002, p. 49