“Resistir em Tempos Difíceis, um Olhar Sobre o Contemporâneo”. Esse foi o tema da palestra do escritor pernambucano Antônio Campos, na Casa da Liberdade. O escritor iniciou seu discurso citando poemas como “Sou Portugal”, de Fernando Pessoa, relacionando-o à crise europeia. Para ele, Pessoa foi preciso ao retratar elementos que se encaixam perfeitamente no atual quadro de incerteza econômica daquele continente. Para o poeta pernambucano, a crise no mundo contemporâneo é essencialmente de lideranças e valores. “O que falta nesse mundo complexo e desafiador, são valores”, enfatizou.

Antônio Campos em sua palestra na Casa da Liberdade

Antônio Campos destacou também a representação política brasileira. Para ele, “há uma carência de líderes, pois os representantes políticos não representam mais o povo brasileiro”. Nesse sentido, as reformas política e eleitoral no Brasil, são indispensáveis e necessárias.

O poeta citou ainda as crises existentes no século XXI, que começaram com uma cortina de fogo, em 2001, com os ataques terroristas às Torres Gêmeas, em Nova York, nos Estados Unidos. A partir daquele momento, aumentaria uma disputa entre duas grandes civilizações, a Islâmica e o Ocidente. E os desdobramentos desse impasse são percebidos até hoje em diversos países.

Em sua palestra, Antônio comentou também sobre o polêmico projeto da Cura Gay, idealizado pelo deputado Marcos Feliciano. Ele foi enfático ao afirmar que há um viés do fundamentalismo religioso nesse projeto, que parte do preconceito e da discriminação de pessoas com diferentes orientações sexuais. 

O escritor destacou também que uma das grandes questões que o Brasil precisa preservar, e talvez seja sua grande contribuição para o mundo contemporâneo, é a capacidade de assimilar e transformar culturas, interagir com diferentes povos. Para ele, poucos povos tiveram essa capacidade de se misturar e receber bem, diferentes pessoas. Por isso, o Brasil deve preservar e mostrar ao mundo sua capacidade de miscigenação.

Outros importantes acontecimentos do mundo contemporâneo, citados por Campos, foram iniciados em 2011, quando eclodiram grandes movimentos sociais de ocupação de ruas. Ele destacou o “Ocupe All Street”, “Primavera Árabe” e os movimentos na Europa.

Segundo ele, questões que antes eram discutidas apenas por especialistas, passaram a ser debatidas por pessoas comuns. Era o início da reconquista do espaço público como forma do povo demonstrar a sua indignação com o sistema.

O livro “Civilização do Espetáculo”, de Mario Vargas Llosa, que reflete sobre o mundo contemporâneo também foi citado por Antônio Campos várias vezes em sua palestra.

Ao final da palestra, Antônio Campos apresentou seu novo livro “Resistir em tempos difíceis, um olhar sobre o contemporâneo”, e iniciou uma sessão de autógrafos.