A CHUVA PEGA AUTORIDADES DE CALÇAS NAS MÃOS
POR VALDECK SANTIAGO
Não se faz simulação de incêndio e desastre de avião, para quando eles acontecerem todos saberem o que fazer?
Pois acho que nossas autoridades precisam urgentemente fazer simulações para agir quando ocorrem inundações.
No caso como o de hoje, quando chovia desde a madrugada, a população deveria estar abastecida de informações oficiais desde cedo – se deveria sair de casa ou esperar a chuva passar, que áreas evitar, se os ônibus iam continuar trafegando ou não, se é possível chegar na zona sul/norte ou não etc.
Não falo como gestor de nada, mas como repórter que há 30 anos acompanha o dia a dia do Recife. Em situações como a de hoje desde cedo deveria estar formado um comitê em local específico, centralizando informações, fazendo recomendações para a população, tomando providências que unam diversos setores (casos de violência, agentes para orientar o trânsito, envio de caminhões-guincho e caminhões de dragagem para áreas necessitadas etc.). Emitindo boletins de hora em hora, para tranquilizar a população.
Minha impressão é que as autoridades que vejo dando entrevistas não fazem a menor ideia do transtorno e do desespero das pessoas nestes momentos – tanto das que estão afetadas diretamente (no meio da rua, sem saber se a água vai subir mais, sem saber se o ônibus vai passar, sem saber se vem um arrastão daqui a pouco, sem ver a presença do Estado…), quanto daquelas que estão em casa, mas preocupadas com os amigos, familiares, pessoas queridas que se encontram nas ruas. O que acontece nesses casos é que as informações ficam fragmentadas: fala um secretário estadual, fala um municipal, fala a CTTU, fala a Defesa Civil, fala o diretor disso, fala o diretor daquilo, você estranha que o prefeito ou o governador não se manifestem (estão aqui na cidade? Não podem falar? Sabem de algo que não podem dizer, para não causar pânico? Evitam se pronunciar para não ter a imagem associada a um fato que só provoca desgaste e por isso empurram a batata quente para o terceiro escalão?…) – e o resultado de tudo isso é que você acaba se sentindo completamente desprotegido pelas autoridades que, em tese, deveriam protegê-lo.
A gente sabe muito bem que autoridade não faz chover muito, mas quando chove muito (ou quando não chove, ou quanto tem seca, ou quando acontece um desastre ou uma tragédia) a gente quer que essas autoridades ajam rápido e com eficiência para pelo menos minimizar os transtornos e garantir nossa segurança.