O governo elevou fortemente, ontem, o tom do discurso pelo qual vem prometendo combate sem tréguas à alta da inflação, que superou o teto da meta de 6,5% nos 12 meses terminados em março, ao cravar 6,59%. Com isso, consolidou no mercado a convicção de que o Banco Central vai aumentar a taxa básica de juros (Selic) na próxima quarta-feira. No Rio de Janeiro, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, quebrou a regra de manter silêncio na véspera dos encontros do Comitê de Política Monetária (Copom) e afirmou que “não haverá tolerância com a inflação”.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi ainda mais taxativo. “Nós não vamos titubear em tomar medidas, mesmo que não populares, como o ajuste na taxa de juros”, disse ele, durante evento em São Paulo.
A mensagem afinada dos principais comandantes da política econômica tornou unânime, entre os analistas, a previsão de alta dos juros e fez crescer significativamente o número dos que apostam em uma subida mais forte na semana que vem, de 0,5 ponto percentual, com a Selic passando dos atuais 7,25% para 7,75% ao ano.
Até então, a maioria dos que previam um ajuste falava em correção de 0,25 ponto. Depois do recado dado por Tombini e Mantega, ninguém mais acredita que o BC adiará para maio a decisão de apertar a política monetária para quebrar a resistência da inflação, que assusta a população. (Do Correio Braziliense – Odail Figueiredo e Victor Martins)