Novas fotos do apartamento de Chorão foram acrescentadas ao inquérito policial que investiga a morte do cantor. Elas mostram a destruição no local e apontam a existência de saquinhos de pó branco e garrafas de bebidas no imóvel.
Três porteiros do prédio foram ouvidos pela polícia e confirmaram que mais ninguém esteve na cobertura onde o cantor foi encontrado morto. Nesta quinta-feira (7), a polícia intimou funcionários e vizinhos a prestar depoimento.
As novas fotos no inquérito do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) mostram que a cobertura do vocalista estava em desordem e registram pontos da investigação.
Dentro de uma mala de viagem, não havia roupa. Só CDs de música. No banheiro, a polícia encontrou uma faca e manchas de sangue no piso.
Outra foto mostra uma embalagem de um remédio usado para tratamento de depressão. Em uma das paredes do apartamento, a polícia encontrou um buraco, provavelmente aberto com um soco ou um chute.
Tacos de madeira foram arrancados do chão. Em um dos quartos, dois saquinhos com um pó branco estavam jogados no piso.
No boletim de ocorrência, os policiais relataram que a substância é possivelmente cocaína e que o material foi mandado para perícia.
No relatório preliminar de investigação, três porteiros que trabalham nos períodos da manhã, tarde e noite no prédio confirmaram que mais ninguém esteve no apartamento além de chorão. E que a última vez que o viram foi na segunda-feira (4) à noite.
O vizinho do sétimo andar, um abaixo da cobertura do cantor, disse à polícia que ouviu móveis sendo arrastados e um barulho intenso na terça-feira (5) por volta das 6h15. Quando voltou para casa, no início da noite, não ouviu mais nada.
Nos próximos dias, a polícia também deve receber as imagens do circuito de segurança do prédio. Com essas imagens, os investigadores vão saber se realmente o músico chegou sozinho ao condomínio na segunda-feira e se depois disso não recebeu visitas – como dizem as testemunhas ouvidas até agora.
Os parentes e amigos de Chorão vão ser ouvidos a partir de semana que vem. O delegado responsável pelo caso quer traçar um perfil do músico e saber há quanto tempo ele apresentava quadro depressivo.
Nesta tentativa de traçar o perfil do cantor, a polícia ouviu nesta quinta-feira o depoimento do síndico e o gerente de um hotel onde Chorão esteve hospedado. As declarações não foram reveladas pela polícia.
‘Não era crack, era cocaína’
O corpo do cantor foi enterrrado nesta tarde em Santos. Ao deixar o funeral, a estilista Graziela Gonçalves, ex-mulher do cantor Chorão, disse que lutou para tentar trazer o ex-marido de volta à “realidade”. Segundo Graziela, o músico era usuário de drogas, e ela perdeu a batalha contra ‘essa praga mundial’.
Questionada sobre qual seria o tipo de droga utilizada pelo ex-marido, ela afirmou que era cocaína. “Não era crack, era cocaína. Fazer o que? Celebridade todo mundo quer fazer uma ‘preza’. Eu espero que essas pessoas escutem isso e fiquem na consciência de cada uma delas”, completa.
Histórico
O cantor e letrista liderava a banda que foi formada e estabelecida na cidade de Santos, no litoral de São Paulo, na década de 1990. Em 15 anos de carreira, a banda lançou dez discos, segundo o site oficial do grupo.
O grupo vendeu 5 milhões de cópias. Além de vocalista e letrista, Chorão era o responsável pelo direcionamento artístico e executivo da banda. Em 2004, o álbum “Tâmo aí na Atividade” foi premiado com o Grammy Latino. No ano passado, o grupo lançou o álbum “Música Popular Caiçara”, com destaque para a música “Céu Azul”.
Chorão foi o único integrante do Charlie Brown Jr que esteve em todas as formações da banda. O apelido é da adolescência. Quando ele ainda não sabia andar de skate, ficava apenas olhando os amigos. Um deles virou para Chorão e disse para ele “não chorar”.
Paulistano, Chorão adotou a cidade de Santos desde a juventude, onde criou o Charlie Brown Jr.. Roteirista do filme “O Magnata”, já realizado, e do longa metragem “O Cobrador”, em andamento, como empresário administrou marcas de skate e viabilizou a realização de grandes eventos de skate no Brasil, além de manter o Chorão Skate Park em Santos.
Fonte: G1