Índios quebram vidro e tentam invadir Câmara dos Deputados
- Carro que levava o deputado Cândido Vaccarezza fica preso e é atacado em manifestação dos índios, que fecharam faixa da Esplanda dos Ministérios
- Eles são contra PEC que transfere para o Congresso responsabilidade de demarcação de terras indígenas
Duas pessoas ficaram feridas numa tentativa de um grupo de índios de entrar na Câmara dos Deputados ontem. A confusão teve início depois que alguns índios, que protestavam em frente ao Congresso, tentaram ocupar a sede do Legislativo. Eles foram barrados por policiais da Câmara e do Senado.
Deputados se reúnem com lideranças indígenas, que exigem que a PEC seja arquivada FOTO: AGÊNCIA CÂMARA
Para tentar burlar os policiais, que pediram reforço à Polícia Militar, os indígenas deixaram o gramado e tentaram chegar à Câmara por uma entrada lateral. A polícia reforçou o efetivo e impediu a entrada, mas um dos índios quebrou o vidro da porta da Casa. Os estilhaços feriram o índio Renato da Silva Filho e o vigilante da Câmara Sanderson Ignácio Rodrigues Fragoso.
Os dois foram atendidos no Departamento Médico da Câmara. O vigilante teve um pequeno corte na testa e foi liberado – mas registrou ocorrência na Polícia Legislativa da Câmara. O índio estava com vários cortes no braço e foi encaminhado ao Hospital Universitário de Brasília.
Os índios protestam desde terça-feira na capital federal contra propostas que tramitam no Legislativo que, na opinião do grupo, prejudicam os índios do Brasil. Uma das reivindicações é que o Congresso não aprove a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que transfere do Executivo para o Legislativo a demarcação de terras indígenas.
O grupo promete permanecer em Brasília até sábado, quando a Constituição de 1988 completará 25 anos, para defender os direitos dos povos indígenas.
Na tentativa de acalmar a situação, o presidente interino da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR), recebeu uma comissão de cerca de 30 índios.
O cacique Raoni do Xingu, que vive em uma aldeia em Mato Grosso, cobrou mais “respeito” dos deputados. Ele defendeu que a Funai (Fundação Nacional do Índio) permaneça com a prerrogativa de demarcar terras indígenas, mantendo a atribuição no Executivo.
Elia Canetti escreveu Massa e Força. A ambigüidade da Democracia é que a minoria tem de se submeter à maioria. O direito de demonstrar, porém, dará à minoria de defender os seus desejos. Quem, aqui, é a minoria? Os índios, autênticos brasileiros, ou no outro lado o grupo de neocolonizadores, ocupando o hábitat indígena? No fundo esse grupo de empreteiros parece menor, the happy few. Infelizmente o mecanismo capitalista pretendendo defender todos os brasileiros, está no contrário no lado do grupo do desenvolvimento de empresa . Nesse modo os Indios ficam na posicao da minoria. Felizmente têm o direito, pelo menos, da demonstração. Que uma pequena massa possa ter uma grande força.