Jornal O Poder
Antonio Campos é advogado e político. Neto de Miguel Arraes, filho da ministra Ana Arraes e irmão do ex-governador Eduardo Campos, atualmente ele preside com dinamismo a Fundação Joaquim Nabuco, legendária instituição de estudos sociais fundada por Gilberto Freire, com atuação em todo Norte e Nordeste. Recentemente, Campos assinou ficha de filiação no AGIR 36 (ex-PTC). Nessa entrevista, Tonca, como é tratado pelos mais próximos, faz uma análise do momento atual, da guerra na Ucrânia à sucessão em Pernambuco.
O PODER – Qual a sua visão da Guerra na Ucrânia?
ANTÔNIO CAMPOS – É uma guerra mundial econômica, com conflito militar regional. Já temos mais de 1,7 milhão de refugiados. É preciso uma saída negociada urgente para cessar o horror dessa guerra.
O Brasil adotou a neutralidade?
Acho que o voto do Brasil no Conselho de Segurança da ONU mostra que o país se posicionou contra a Guerra e quer uma saída negociada.
Como vê nesse momento as eleições no Brasil?
Temos uma eleição polarizada e teremos segundo turno no Brasil com a presença de Bolsonaro. Também teremos segundo turno em Pernambuco.
Como avalia a candidatura da situação (PSB) no seu Estado?
A candidatura de Danilo Cabral, que usará o fator Lula, nasce com um pecado original, a síndrome da maçã envenenada. Ele votou a favor do impeachment de Dilma. E não foi uma decisão individual. Difícil justificar isso para os eleitores de Lula. Essa é uma contradição que não está restrita à Pernambuco e contamina o quadro nacional.
Como avalia as candidaturas de oposição em Pernambuco?
Temos três jovens pré-candidatos. Todos eles prefeitos que têm modelos de administração para mostrar. A estadualização da campanha é necessária para a oposição, embora o cenário nacional leve a uma nacionalização. O equilíbrio desse jogo será decisivo para levar a eleição ao segundo turno e o candidato de oposição ter chance. Uma chapa Anderson Ferreira (prefeito de Jaboatão dos Guararapes) e Gilson Machado (Ministro do Turismo) para o Senado, tem competitividade para ir ao segundo turno.
Como vê Pernambuco nesse momento?
Pernambuco é campeão em desemprego e tem a maior carga tributária do Nordeste, cuja liderança perdeu para o Ceará e a Bahia. Essa carga de ICMS se reflete nos preços do combustível, da luz, entre outros. A tributação de IPVA é excessiva. A violência cresce. Pernambuco é o maior detentor de obras inacabadas. Um desperdício de dinheiro público sem precedentes. É alta a rejeição ao Governador do Estado, conforme pesquisas. Há quem diga que é o pior de todos os tempos.
No governo do seu irmão Lula investiu em Pernambuco. O que o Governo Bolsonaro tem para confrontar?
O Governo Federal fez importantes investimentos no Estado. Enviou recursos da pandemia. Gastou 1,5 bilhão com a Adutora do Agreste, para distribuir água do São Francisco. A Petrobras vai investir US$ 1 bilhão para concluir a segunda unidade da Refinaria Abreu e Lima, que certamente é a maior obra do Estado. Trouxe a Escola de Sargentos. Trouxe investimentos em turismo e educação. Está viabilizando o Ramal de Suape da Transnordestina. O Auxilio Brasil com mais de 18 milhões de famílias tem uma importância grande no Brasil e especialmente no Nordeste. Precisa melhorar a comunicação, pois tem muito a mostrar.
Como avalia as condições do País no ano eleitoral?
Precisamos controlar melhor a inflação, que é um fenômeno mundial. Veja o exemplo dos Estados Unidos. O PIB cresceu 4,1% em 2021 e precisamos gerar mais empregos e diminuir o impacto da alta do petróleo e da guerra para continuarmos crescendo. Recentemente, o Ministro Paulo Guedes lançou medidas como a redução do IPI, entre outras. Um dos marcos desse Governo foi enfraquecer o cartel dos grandes bancos, com a possibilidade de abertura de novos bancos digitais e lançar o pix que diminuiu o lucro dos bancos, que sempre foram intocáveis nesse país.
E a educação?
Tem feito avanços significativos neste momento difícil. Agilização do ensino digital, renegociação das dívidas do FIES, aumento salarial dos professores na educação básica, mudanças no ensino médio e, muito importante, bom uso dos recursos públicos.
Como está a Fundaj?
A Fundaj, com o mesmo orçamento de quando entrei na presidência, tem feito muita entrega à sociedade. Entre novos projetos, em 2022, faremos o Museu Joaquim Nabuco, no Engenho Massangana, com uma galeria de arte afro. Será uma espécie de Inhotim do Nordeste. Estamos finalizando a locação de espaço em Olinda para abrir um cinema e uma escola de cinema, para plantar a semente de um polo de cinema lá. Pernambuco já é um polo importante de cinema, mas precisa uma ação mais efetiva neste sentido.