Bolsonaro e Lula, destinados a se cruzar no segundo turno
Carlos Newton
Os profissionais da política não levam as pesquisas a sério, sempre sabem onde estão pisando. Se a eleição realmente estivesse decidida de véspera, é claro que velhas raposas como Gilberto Kassab (PSD) e Luciano Bivar (União Brasil) já teriam jogado seus partidos no colo do provável vencedor – segundo as pesquisas, que dizem entrevistar entre 1 mil e 3 mil eleitores, e estamos conversados.
No entanto, é possível desprezar as previsões dos tais institutos e declarar que a eleição presidencial continua indefinida. Se assim não fosse o candidato Lula não estaria tão necessitado de apoio, ainda buscando pescar Bivar, Kassab, Janones e qualquer um outro que passe perto de sua rede.
NADA MUDOU – O certo é que, na pesquisa espontânea (“Em quem você vai votar?”), nada mudou, segundo os oráculos do Datafolha. E o resultado foi desanimador. Lula continua em 38%; Bolsonaro, 26%; Ciro Gomes, 3%; Simone Tebet, 1%, e o resto “non ecziste”, diria Padre Quevedo.
Faltando apenas três dias para realização de convenções, Ciro e Simone não conseguiram acertar formar uma chapa, cada um tentará a sorte sozinho, como se tivessem alguma chance contra dois adversários poderosíssimos como Lula e Bolsonaro.
Caso se unissem, Ciro e Simone seriam uma chapa muito forte, capaz de conquistar os votos da maioria silenciosa dos eleitores, que representa algo em torno de 33% do eleitorado. Mas disputando sozinhos, seus votos (somados) não chegarão a 20%, porque serão abandonados no meio do caminho.
ELEIÇÃO INCERTA – Ao contrário do que dizem as pesquisas, Bolsonaro vai dar muito trabalho a Lula. Essa maneira de procurar o povo, recebendo apoiadores diariamente no cercadinho do Alvorada, promovendo motociatas e jeguiatas, tudo isso soma muitos votos.
Essas pessoas que ele atrai, comendo pastel e frango com farofa, não são simples eleitores, porque a maioria se torna cabo eleitoral dele, nesta retomada do antigo populismo de Jânio Quadros, que empunhava uma vassoura para enfrentar a espada do candidato adversário, Marechal Teixeira Lott, um grande brasileiro, militar legalista, que espantou o mundo ao criar o golpe ao contrário, feito para manter a democracia.
Bem, poderia haver três chapas fortes e com chances. Por questões de vaidade e presunção, teremos apenas duas, pois as candidaturas de Ciro e Simone se autoexcluem, só há espaço para uma terceira via. As demais são apenas nuvens passageiras, que se desfazem ainda no primeiro turno.