Amor, beijo, esperança e fantasia são castelos de areia, na poesia de Olegário Mariano

Olegário Mariano | Enciclopédia Itaú Cultural

Olegário Mariano, retratado por Portinari

O diplomata, político e poeta pernambucano Olegário Mariano Carneiro da Cunha (1889-1958) revela que a fantasia, a esperança, as palavras de amor, os beijos e a fatalidade podem ser somente “Castelos de Areia”.

CASTELOS DE AREIA
Olegário Mariano

— Que iluminura é aquela, fugidia,
Que o poente à beira-mar beija e incendeia?
— É apenas a criação da fantasia:
São castelos na areia.

Andam, tontas de sol, brincando as crianças
Como abelhas que voaram da colmeia.
Erguem torreões fictícios de esperanças…
São castelos na areia.

Ao canto de um jardim adormecido:
“Por que não crês no afeto que me enleia?
E as palavras que eu disse ao teu ouvido?”
— São castelos na areia.

E o tempo vai tecendo, da desgraça,
Na roca do destino, a eterna teia.
— “E os beijos que trocamos?” — Tudo passa,
São castelos na areia.

Coração! Por que bates com ansiedade?
Que dor é a grande dor que te golpeia?
Ouve as palavras da Fatalidade:
Ventura, Amor, Sonho, Felicidade,
São castelos na areia.