Na pesquisa espontânea, Datafolha comprova que nada mudou, tudo continua como antes

TRIBUNA DA INTERNET

Charge do Newton Silva (newtonsilva.com)

Carlos Newton 

Sabe-se lá por quê, é impressionante o prestígio do Instituto Datafolha, que não é melhor nem pior do que os outros, basta lembrar a última eleição para o Senado em Minas Gerais, quando a candidata Dilma Rousseff foi dada como eleita por antecedência, favoritíssima até na boca de urna, mas de repente deu uma ventania, ela não soube estocá-la e acabou em humilhante quarto lugar.

Mesmo assim, com desprezível nível de acerto, a pesquisa DataFolha é sempre aguardada com inusitada expectativa, até parece o Oráculo de Delfos. Desta vez, até o senador Renan Calheiros estava indócil, alegando que os números iriam destruir a candidatura de Simone Tebet e era melhor o MDB ir logo apoiando Lula.

E VEIO A PESQUISA… – Para fazer mais suspense do que o Hitchcock, o Datafolha solta seus números em capítulos. Na quarta-feira, dia 28, deu início com os resultados entre jovens e mulheres, uma chatice. Somente na quinta-feira chegaram ao que interessa, e o resultado foi decepcionante.

Bem, o Datafolha diz que Lula já teria votos válidos para ganhar no primeiro turno, com 47%, enquanto Bolsonaro (PL) vem com bem menos, 29%; Ciro (PDT), 8%; Simone (MDB), 2%; Janones (Avante), Marçal (Pros) e Vera Lúcia (PSTU) apenas 1%.

Mas isso foi na pesquisa estimulada, em que o leitor recebe a lista dos candidatos para escolher. É um indicativo de baixa confiabilidade, que favorece os nomes que estiveram no alto da relação especialmente o primeiro candidato listado.

A PESQUISA REAL – A única pesquisa que interessa é a espontânea, em que o entrevistador indaga, como primeira pergunta: “Em quem você vai votar?”.

E o resultado foi desanimador. Lula continua em 38%; Bolsonaro empacou em 26%, Ciro Gomes registra 3%, Simone Tebet 1%, e o resto “non ecziste”, diria Padre Quevedo.

Em tradução simultânea, pode-se afirmar que a eleição continua indefinida. Lembrem-se de que, no primeiro turno de 2002, Lula teve 46,44% dos votos válidos. Em 2006, aumentou um pouquinho, foi para 46,662. Quando a Bolsonaro, no primeiro turno de 2018 teve 46,03%.

Ou seja, a pesquisa espontânea mostra que Lula precisa recuperar cerca de 8% para voltar a seu patamar costumeiro de 46%. E Bolsonaro – “Oh, coitado!” – tem de buscar 20% para voltar aos bons tempos de 2018.