“Não vão tirar a única mulher competitiva da disputa”, diz Simone sobre o racha no MDB

Simone Tebet discursa no ato em São Bernardo do Campo

Por g1 São Paulo

A pré-candidata do MDB à Presidência da República, Simone Tebet, afirma estar convicta de que sua candidatura será mantida, mesmo em meio ao racha do partido sobre um possível apoio ao candidato e ex-presidente Lula já no primeiro turno. Na terça-feira (19), líderes do MDB pediram ao ex-presidente Michel Temer que encaminhasse ao presidente da sigla, Baleia Rossi, o adiamento da convenção do partido no dia 27 de julho que vai confirmar Tebet como candidata à Presidência.

“Não tenho medo de cara feia, quanto mais bater, vai mais me dar ânimo para continuar. Estou convicta de que nossa candidatura a partir do dia 27 desse mês com apoio da federação PSDB, Cidadania e MDB vai começar uma nova jornada. Não vão tirar a única mulher hoje competitiva e espaço de fala no momento em que o Brasil mais precisa. Que Brasil nós mulheres queremos para nossos filhos e nossos companheiros?” questionou a pré-candidata durante evento com o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), no Diretório Municipal do PSDB na cidade do ABC paulista

É PARA VALER – “A minha candidatura é para valer e aí está a prova de que já está incomodando”, disse. “E por que não tentaram isso lá atrás? Porque não acreditavam que nós iríamos levar até o final. Mas nossa candidatura é em defesa do Brasil, que precisa ser devolvido aos brasileiros”, completou.

A proposta de líderes do MDB é a de que o evento aconteça em 5 de agosto, última dia previsto para convenções partidárias, segundo o calendário definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Antes mesmo de receber a proposta oficialmente, Rossi já negou a possibilidade de mudança. Um dia depois, Rossi recebeu Temer e disse que a data inicial da convenção foi decidida de forma unânime.

Em seu Twitter, o presidente do partido afirmou: “MDB, PSDB e Cidadania, que atendem pelo nome de CENTRO DEMOCRÁTICO decidiram que suas convenções nacionais para homologar Simone Tebet como candidata à Presidência do Brasil serão no dia 27 de julho. Esta data está mantida. #SiimoneSIM”.

RENAN REAGE – Já o senador Renan Calheiros disse nesta sexta (22) que “sem diálogo, sem avaliações realistas sobre o desempenho da pré-candidatura, sem competitividade nas pesquisas é insanidade sacrificar o MDB nos estados. A persistir a obsessão não restará alternativa senão a judicialização da própria convenção”.

Na segunda-feira (18), representantes do MDB de 11 estados declararam, durante reunião com petistas, apoio à -candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência já no primeiro turno. Líderes do MDB defendem o desembarque da candidatura da senadora caso ela não decole nas pesquisas. Ela tem 1% das intenções de voto, segundo o último levantamento do instituto Datafolha.

Mas o apoio a Lula não é unânime. Na terça, o MDB divulgou uma nota assinada por dirigentes de 19 estados, na qual reitera o apoio à senadora. Rossi e a Secretaria Nacional do MDB Mulher também assinam o documento.

COM TEMER – Na mesma terça-feira, encontro reuniu os senadores Eduardo Braga (AM), Renan Calheiros (AL), Rose de Freitas (MG), Marcelo Castro (PI), o deputado federal Isnaldo Bulhões (AL), o ex-deputado Moreira Franco, e o ex-presidente Michel Temer. A conversa ocorreu no Itaim Bibi, na Zona Sul de São Paulo, no escritório de Temer.

Na saída, Temer afirmou que foram apresentados dois pedidos a ele na conversa.

“Vieram pleitear que eu ajudasse na possibilidade de uma eventual prorrogação da data da convenção que está ajustada para o dia 27. E, segundo, pretendem que se faça uma convenção presencial. Disse a eles que iria conversar com o presidente Baleia Rossi e outros membros da Executiva e verificar essa possibilidade. E especialmente sugerir ao Baleia que faça uma reunião com o grupo do MDB, que conversem”, disse.

PREOCUPAÇÃO POLÍTICA – O ex-presidente negou que tenham tratado sobre apoio a Lula no primeiro turno e ressaltou que vota na pré-candidata: “Sou emedebista, portanto voto na Simone Tebet”, sobre quem diz não haver “nenhuma oposição radical” no partido. “Pelo contrário, só palavras de elogio para sua candidatura. O que há naturalmente é uma preocupação política, ao que possa acontecer na eleição.”

Sobre um racha interno no partido, o ex-presidente disse que “divergências internas são ajustadas por meio de conversações, por meio de diálogo”.

Renan disse a jornalistas após a reunião com Temer que defendem que “se marque a convenção no último dia do prazo para que possamos conversar, o objetivo é tentar resgatar a instância de conversação”.