Por Antonio Magalhães*

Há uma quinta dimensão além daquelas conhecidas pelo Homem. É uma dimensão tão vasta quanto o espaço e tão desprovida de tempo quanto o infinito. É o espaço intermediário entre a luz e a sombra, entre a ciência e a superstição; e se encontra entre o abismo dos temores do Homem e o cume dos seus conhecimentos. É a dimensão da fantasia. Uma região Além da Imaginação.

O que vem acontecendo na política brasileira daria numerosos episódios da antiga série de TV “Além da Imaginação”, que, nos anos 1960/70, retratou situações inimagináveis por cidadãos racionais e normais.

Foi um exercício além da compreensão humana o fato do Supremo Tribunal Federal (STF) tirar Lula da cadeia para deixá-lo candidatar-se à presidência da República, passando por cima de jurisprudência anterior que determinava a prisão do criminoso em 2ª instância e argumentando que não era válido o endereço da corte de 1ª instância que o condenou por corrupção e lavagem de dinheiro, crime identificado na operação Lava Jato. A corte foi lá e zerou os processos ao mandá-los para Brasília. Mas não o inocentou, como o candidato vem alegando.

Neste episódio, a imagem pública do STF foi ao fundo do poço. A manipulação jurídica ficou clara. Mas por que isto aconteceu? Favorecer um condenado pela amizade? Ou sempre esteve em jogo a intenção de elegê-lo presidente de qualquer forma para atender interesses não republicanos?

É o que se deduz diante de tantas operações pseudo jurídicas para garantir a concretização do fato. Uma delas foi a resistência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em dar mais segurança ao processo eleitoral com o uso das urnas eletrônicas. Os togados do TSE e STF deram toda a carga para que não fosse acoplado à urna um verificador de voto em papel.

Em 2017, esses mesmos togados viram um modelo dessa urna com voto auditável e aprovaram. Mas como é de praxe voltaram atrás e decretaram que as urnas do TSE são invioláveis no mundo fictício Além da Imaginação.

Outra matéria prima para o seriado da TV foi divulgada na Folha de S.Paulo deste domingo, 19. Promotora frequente de exageros desinformativos, ela fez uma reportagem com lideranças de organizações de esquerda que estão se articulando para “uma reação orquestrada contra o plano golpista” dos bolsonaristas no caso do presidente perder a reeleição.

Esse grupo vê na defesa do presidente de eleições transparentes um desrespeito ao Poder Judiciário. E disse estar mobilizando centenas de instituições para reagir rapidamente se os resultados das urnas invioláveis – desistam hackers! – apontar uma derrota de Bolsonaro. Inclusive pensam em levar o povo às ruas, uma piada, isto é, se não faltar pão com mortadela.

Mas nenhuma dessas instituições, lideranças, jornalistas, sabe como pode se dar este movimento golpista imaginário. Nem um ex-analista da política de Brasília, de origem pernambucana, hoje militante lulista, sabe dizer como isso aconteceria. “Ele iria fazer muito barulho”, acrescenta.

A intenção dos articuladores “antigolpe” pode ser o encobrimento de uma possível fraude eleitoral em favor de um candidato contrário ao presidente. Antecipar uma reação a um fato inexistente, procurando sinais de uma gestação golpista, quando, na verdade, a atitude do Judiciário nessas eleições dá muito mais indicativos de que isto já ocorreu, revelando claramente que a meta é tirar previamente de Bolsonaro a possibilidade de concorrer. Todas as meias verdades, mentiras diretas, fake News e pós-verdades são válidas.

É o que se pode observar: “um espaço intermediário entre a luz e a sombra, entre a ciência e a superstição; e se encontra entre o abismo dos temores do Homem e o cume dos seus conhecimentos. É a dimensão da fantasia. Uma região Além da Imaginação”. É isso.

*Jornalista