Fundaj e MUPA promovem exposição a partir desta quinta-feira (9)

Mostra acontece primeiro em Curitiba. Chegará em setembro no Recife

A parceria entre a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e o Museu Paranaense (MUPA) promoverá a partir da próxima quinta-feira (09) a exposição “Necrobrasiliana”. Com curadoria do pesquisador da Fundaj Moacir dos Anjos, a mostra será inaugurada no Museu Paranaense, em Curitiba, onde fica até o dia 28 de agosto. Em setembro será instalada na Fundação, no Recife. Essa ação é fruto da parceria entre as duas instituições, firmada em 2020 e que envolve ações nas áreas de História, Antropologia, Artes Visuais e Museologia.

“Melhor ingressará na Necrobrasiliana quem vier disposto a ‘ver com os olhos livres’, da velha e ainda atual proposição de Oswald de Andrade. Apostando na leitura crítica da realidade e na realidade da leitura crítica possível como campo de liberdade”, comenta o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte da Fundaj, Mario Helio. Esta mostra, destaca, já é o segundo fruto da parceria com o Museu Paranaense. E o primeiro a efetivar-se de um acordo de cooperação cultural, técnica e científica que promete novos rebentos neste ano centenário do modernismo de 1922 e bicentenário da Independência do Brasil de 1822.

Na abertura, às 19h, haverá uma conversa entre Moacir dos Anjos e os artistas Thiago Martins de Melo, Yhuri Cruz e Rosângela Rennó, cujas obras integram a mostra. O público receberá, gratuitamente, o jornal da exposição que conta com um ensaio do curador e textos sobre os trabalhos apresentados. Também integram a mostra os artistas Ana Lira, Dalton Paula, Denilson Baniwa, Gê Viana, Jaime Lauriano, Rosana Paulino, Sidney Amaral, Tiago Sant’Ana e Zózimo Bulbul.

O conjunto de obras desses artistas brasileiros contemporâneos reinterpretam e reinventam o acervo documental – visual e escrito – denominado brasiliana. Produzidos entre os séculos XVI e XIX, por artistas e outras personalidades como Albert Eckout, Jean-Baptiste Debret, Johan Moritz Rugendas, entre outros, tais documentos históricos trazem imagens da violência colonial praticada contra as populações indígenas e negras. “A reunião desses trabalhos demonstra estar-se formando uma nova representação da memória colonial do país, que não somente nomeia os danos infligidos a partes de sua população, mas redistribui, em novos lugares simbólicos, os corpos que o habitam”, observa Moacir dos Anjos, no texto curatorial.

Parceria
Firmada em 2020, a parceria inédita entre a Fundaj e o MUPA levou ao museu paranaense, em maio do ano passado, a exposição “Educação pela Pedra”. A mostra, também com curadoria de Moacir dos Anjos, teve como eixo temático o centenário de nascimento do escritor e poeta recifense João Cabral de Melo Neto. As obras investigam os afetos canalizados pelos versos do poema que dá nome à exposição, escritos em 1966.

Sobre o curador
Moacir dos Anjos é pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, onde coordena o projeto de exposições “Política da Arte”. Foi curador da 29ª Bienal de São Paulo (2010), do pavilhão brasileiro na 54ª Bienal de Veneza (2011) e das mostras “Cães sem Plumas” (2014, MAMAM, Recife), A Queda do Céu (2015, Paço das Artes, São Paulo), “Emergência” (2017, Galpão Bela Maré, Rio de Janeiro), “Quem não luta tá morto. Arte democracia utopia” (2018, Museu de Arte do Rio), “Raça, classe e distribuição de corpos” (2018), “Minas” (2019), “Educação pela pedra” (2019) – as três últimas na Fundação Joaquim Nabuco –, “Língua Solta” (2021, cocuradoria de Fabiana Moraes, Museu da Língua Portuguesa, São Paulo) e “Alfredo Jaar – Lamento das Imagens” (2021, Sesc Pompeia, São Paulo). É autor dos livros “Local/Global. Arte em Trânsito” (2005), “ArteBra Crítica” (2010) e “Contraditório. Arte, Globalização e Pertencimento” (2017).

Sobre os artistas que estarão presentes na abertura:
Rosângela Rennó – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formou-se em Artes Plásticas pela Escola Guignard e em Arquitetura pela Universidade Federal de Minas Gerais. É doutora em Artes pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Sua obra é marcada por apropriação de imagens descartadas, encontradas em mercados de pulgas e feiras, e pela investigação das relações entre memória e esquecimento. Já realizou diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior, como a Estação Pinacoteca, Instituto Moreira Salles, Fondation Cartier e Bienal Internacional de Veneza.

Thiago Martins de Melo – Vive e trabalha entre São Luís, São Paulo e Guadalajara (México). Artista visual, trabalha com pintura, escultura, instalação e animação em stop motion. Entre as principais exposições individuais estão: “Ouroboros Sucuri”, Galeria Millan, São Paulo, Brasil (2021) e “Necrobrasiliana”, Museu Nacional da República, Brasília, Brasil (2019). Participou de inúmeras exposições coletivas, destacando: 3ª Frestas-Trienal de Artes, Sorocaba, Brasil (2021); 12ª Dakar Biennale, Dakar, Senegal (2016); 10ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil (2015); 31ª Bienal de São Paulo, São Paulo, Brasil (2014); 12e Biennale de Lyon, França (2013).

Yhuri Cruz – Vive e trabalha no Rio de Janeiro. É artista visual, escritor e dramaturgo. Desenvolve sua prática artística e literária a partir de criações textuais que envolvem ficções, proposições performativas – que o artista chama de cenas – e instalativas em diálogo com sistemas de poder, crítica institucional, relações de opressão, encenações de cura, resgates subjetivos e violências sociais reprimidas. Cruz foi indicado ao Prêmio PIPA em 2019 e, no mesmo ano, realizou “Pretofagia”, sua primeira individual no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica – Rio de Janeiro/ RJ.

Serviço:
Exposição Necrobrasiliana
Museu Paranaense – Rua Kellers, 285 – Curitiba
De 9 de junho a 28 de agosto de 2022
Recepção de abertura com as presenças do curador e dos artistas: 9 de junho, às 19h
Entrada gratuita