Leilão da camisa que Maradona usou ao marcar o gol “mano de Dios” alcança valor recorde

 A camisa que Diego Maradona estava usando nas quartas-de-final da Copa do Mundo de 1986 contra a Inglaterra foi vendida por US$ 9,3 milhões (R$ 45,8 milhões) pela casa de leilões Sotheby’s, em Londres. É o preço mais alto já pago por um item de recordação esportivo.

A Sotheby’s disse que o item foi vendido após um leilão on-line encerrado nesta quarta-feira (4). O nome do comprador não foi informado.

O jogo da Argentina contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986 é provavelmente o mais famoso no caminho da seleção sul-americana para levantar o troféu naquele ano, apesar de não ter sido a final decisiva. Certamente, é a partida mais famosa da Inglaterra até hoje.

Maradona marcou os dois gols e a Argentina venceu por 2 a 1. O primeiro gol, que abriu o placar, foi decidido de cabeça, mas o árbitro não viu que a bola havia ricocheteado no punho levantado do atacante. Após o jogo, Maradona disse que o gol havia sido marcado “um pouco com a cabeça de Maradona e um pouco com a mão de Deus”.

Já o segundo foi eleito o “gol do século” pela Fifa em uma pesquisa feita em 2002. Com a posse de bola, Maradona driblou desde antes do meio de campo, passando por boa parte da equipe inglesa, até desviar do goleiro Peter Shilton e deslizar a bola para a rede.

A jogada de mestre foi emblemática de uma Copa do Mundo onde Maradona muitas vezes parecia estar conduzindo seus companheiros de equipe para a vitória com uma só mão.

Além disso, os dois gols vistos em conjunto eram quase como o próprio homem em microcosmo – a ultrajante superestrela do futebol dos anos 80, capaz do impossível em campo e propenso à autodestruição fora dele.

O simbolismo da partida foi ainda maior tanto para a Argentina quanto para a Inglaterra, visto que ela ocorreu quatro anos após a Guerra das Malvinas, quando a Argentina invadiu as ilhas britânicas no Atlântico e o Reino Unido lançou uma grande operação militar para recuperá-las.

Considerado por alguns o maior jogador de todos os tempos, Maradona desfrutou do status de herói em casa a partir de 1986. No entanto, sua carreira e sua vida posterior ficaram marcadas por lutas contra o vício em cocaína e outros excessos, antes de morrer com apenas 60 anos de idade em 2020.

Caminho até a Sotheby’s

Após o jogo, Maradona trocou camisas com o meio-campista inglês Steve Hodge, que a emprestou por um longo período ao Museu Nacional de Futebol da Inglaterra, em Manchester, antes de colocá-la à venda.

Depois que a Sotheby’s anunciou a venda, os parentes de Maradona expressaram dúvidas sobre sua autenticidade. No entanto, a Sotheby’s disse que uma empresa de fotografia esportiva e seu próprio diretor científico estavam satisfeitos com a garantia de sua procedência.

Brahm Watcher, chefe da Sotheby’s para moda de rua e objetos modernos, definiu a camisa como uma “lembrança tangível de um momento importante não apenas na história do esporte, mas na história do século 20”.

O recorde anterior de recordes esportivos era de US$ 8,8 milhões (R$ 43,3 milhões), pagos em 2019 pelo manifesto que lançou o movimento olímpico moderno e os Jogos de 1892. Antes, uma camisa do New York Yankees usada por Babe Ruth havia sido vendida por US$ 5,6 milhões (R$ 27,5 milhões), também em 2019.

(Com agências internacionais)