Justiça dá ok para leilão que pode tirar Eike Batista de um sufoco de quase 10 anos

Defesa de Eike Batista questiona leilão de mansão em Angra dos Reis

Por Lauro Jardim – O Globo

A sorte de Eike Batista está novamente lançada. Nos próximos 30 dias, o ex-sétimo homem mais rico do mundo tem a chance de deixar para trás seus quase dez anos de infortúnio, um tempo que soma desde um período na prisão até a falência de quase todas as suas empresas.

Está sendo lançado nas próximas horas um edital para a venda do último ativo de valor de Eike — as debêntures emitidas pela mineradora Anglo American em 2008, quando a mineradora britânica comprou o complexo Minas-Rio da hoje falida MMX. Estima-se que essas debêntures possam valer até meio bilhão de dólares. O lance mínimo do certame será de US$ 350 milhões.

A  juíza Claudia Batista, da 1ª Vara Empresarial de Minas Gerais, autorizou que o administrador judicial da massa falida da MMX, Bernardo Bicalho, seja o condutor de um leilão para a venda das debêntures.

O banco BR Partners foi o escolhido para arranjar interessados no ativo. E terá 30 dias para concluir o processo.

Por enquanto, há uma proposta na mesa, feita antes de o BR Partners entrar na operação de venda. O autor da oferta é o mais do que desconhecido RC Group, sediado em Nova York, mas comandado por um brasileiro, Renato Costa.

O RC Group no início de maio ofereceu US$ 350 milhões pelas debêntures, numa oferta que pôs o mercado financeiro com um pé atrás, dado que ninguém avalia ser possível que Costa levante esse montante. De qualquer forma, o RC Group terá direito de preferência. Ou seja, por ter já feito uma oferta, poderá cobrir, em 24 horas, o valor proposto por outro interessado.

Se as debêntures forem vendidas por no mínimo esse valor (estima-se que o lance final possa ser razoavelmente superior), Eike Batista sairia do sufoco de quase uma década.

Explica-se: com esse dinheiro, o ex-bilionário levantaria a falência da MMX (que tem um passivo de R$ 750 milhões), pagaria a multa que deve à Justiça por sua delação premiada (R$ 850 milhões) e ainda sairia com um bom troco.