Por Cláudio Soares*

É ridículo ver deputados do PT perseguirem o ex-juiz Sérgio Moro pedindo indenização ao erário, alegando que o então juiz causou prejuízo à Petrobras por condenações aos corruptos. Alguns segmentos do TCU conspiram, também, em nome de uma perversa vingança contra o ex-procurador Deltan Dallagnol.

O TCU faz jogo sujo e tenta desmoralizar o então procurador. São os ratos no encalço do queijo. A Lava Jato conseguiu recuperar bilhões de reais desviados da estatal, as decisões do Moro foram ratificadas por tribunais superiores, inclusive o STJ. É cômico assistir aos corruptos triunfando e o povo inerte. Ser corrupto, roubar dinheiro de hospitais, de escolas e estradas neste país compensa.

O STF livrou esses abutres de condenações e agora os acontecimentos funestos tomaram conta do Brasil. Na Itália, a corrupção conquistou a impunidade. Aqui, no Brasil, os corruptos querem vingança. Querem ir atrás dos procuradores e juízes que tiveram a coragem de enfrentá-los. A reação dos corruptos e corruptores à maior e mais bem-sucedida operação de combate à roubalheira da história do país é algo estarrecedor.

A certeza da impunidade, como se diz no jargão do futebol, já está com as duas mãos na taça. Achem ruim quem quiser, hoje, objetivamente, o Supremo Tribunal Federal é o principal protagonista da impunidade em crimes de colarinho branco no Brasil. A Polícia Federal, procuradores da república e o juíz Sérgio Moro desmantelaram o maior esquema de corrupção da história do País e um autêntico ataque à democracia brasileira, em que, depois do mensalão, um governo se aliou a outros partidos e empreiteiras para assaltar estatais e, assim, perpetuar seu projeto de poder.

Os corruptos haviam aprendido com o escândalo anterior, e desta vez montaram uma rede muito mais sofisticada, com infinitos desdobramentos. Isso fez encorajar os investigadores, que, com esforço e dedicação incansáveis ao longo de anos cansativos, montaram o quebra-cabeça, encaixando até mesmo as peças principais, aquelas mesmas que faltaram em investigações anteriores, não obstante os esforços de outros agentes da lei que vieram antes da Lava Jato.

Tudo feito com rigor máximo, mas sempre com todos os cuidados para não se violar a linha que separa a legalidade da ilegalidade, inclusive nos casos em que a legislação deixava mais espaço de interpretação a investigadores e julgadores. O povo brasileiro não deve deixar cair no esquecimento de que a corrupção foi institucionalizada pelo governo do Partido dos Trabalhadores.

Todas as condenações sob a batuta do ex-juiz Moro foram confirmadas pelo STF e STJ. As colaborações premiadas, os réus na maioria, confessaram e entregaram as lideranças do PT. Antônio Palocci, então ministro da economia e Casa Civil de Lula e Dilma Rousseff,  respectivamente, confessou e entregou Lula e devolveu 100 milhões de reais. Subestimar a inteligência alheia é prática corriqueira de corruptos.

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

*Advogado e jornalista