A Rússia encontra o seu Vietnã

Por Duda Teixeira, na Crusoé

Ministério de Defesa da Ucrânia publicou nesta terça, 24, um relatório com estatísticas sobre as perdas russas na guerra, que acaba de completar três meses. O total de combatentes russos mortos chega a 29.350. O número não é reconhecido pelo governo de Vladimir Putin que, no final de março, falava em apenas 1.351 mortos. Segundo o relatório, mais de 1302 tanques (foto) foram destruídos.

Se confirmado, o número divulgado pelos ucranianos de baixas é o dobro do de 15 mil soldados russos mortos em dez anos de guerra no Afeganistão, de 1979 a 1989. Na Guerra do Vietnã, que durou de 1954 a 1975, calcula-se que cerca de 60 mil militares americanos morreram ou foram dados como desaparecidos. Como o presidente John Kennedy enviou soldados apenas em 1961, o mais correto seria considerar que os 60 mil soldados teriam perdido suas vidas ao longo de catorze anos.

Que a Rússia tenha alcançado metade disso em apenas três meses é surpreendente. Outra comparação possível é que a Guerra do Vietnã foi derrotada não no campo de batalha, mas “em casa“. Foi a oposição dos civis americanos que levou os presidentes a abandonarem a carnificina.

Na Rússia, a guerra só não foi perdida dentro de casa porque o governo tem repreendido fortemente a população. Segundo a ONG OVD-Info, 15.445 pessoas já foram detidas por protestar contra o conflito desde o dia 24 de fevereiro.