Se a Petrobras mudasse a política de preços, Brasil teria inflação menor do que os EUA

gasolina

Combustíveis impulsionam a inflação recorde nos EUA

Rosana Hessel
Correio Braziliense

A inflação global ganha corpo com a ajuda da pandemia da covid-19, que deixou um rastro de 6,18 milhões de mortes no mundo, conforme dados da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, e, da guerra na Ucrânia. Nos Estados Unidos, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), bateu novo recorde e atingiu a maior variação em 41 anos.

Em março, após a acelerar 1,2%, em março, frente à alta de 0,8% de fevereiro, a inflação norte-americana acumulou alta de 8,5% em 12 meses encerrados no mês passado, conforme dados oficiais do Bureau of Labor Statistics (BLS), divulgados nesta terça-feira (12/4). Segundo o órgão, todos os indicadores que compõem o CPI registraram altas de preços, ajudando, com isso, o CPI registrar a maior taxa acumulada em 12 meses desde dezembro de 1981.

GASOLINA DISPARA – Os principais vilões foram gasolina, habitação e alimentação, que registraram as maiores taxas de crescimento de preços. A gasolina, por exemplo, registrou alta de 18,3% em março. Já o índice de alimentos subiu 1% e o de habitação, 1,5%, conforme os dados do BLS.

O indicador de preços de todos os itens, menos alimentos e energia, registrou alta de 6,5% nos 12 meses encerrados em março, a maior variação desde agosto de 1982. Já o índice de energia cresceu 32% em relação ao ano anterior, na mesma base de comparação, e o índice de alimentos avançou 8,8%, o maior crescimento desde maio de 1981.

“Como esperado, os maiores vilões vieram dos preços de energia, com alta de 11% em relação ao mês anterior e o maior desde 2005, com destaque para os preços da gasolina que subiu 18,3%, maior taxa desde 2009. Apesar de preocupante, as recentes quedas dos contratos futuros de petróleo podem trazer considerável alívio no mês de abril”, destacou André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos.

ALTAS EM CADEIA – Na avaliação do economista, os custos de serviços, que subiram 5,1% em relação ao ano anterior, também merecem atenção, porque registraram o maior avanço desde 1991. “As tarifas aéreas apresentaram forte alta de 10,7% em março, ancorada na disparada dos combustíveis”, acrescentou.

“Do lado positivo, destacamos a segunda queda mensal consecutiva nos preços dos carros usados – que há meses impulsionava a inflação de bens. Entretanto, embora em menor escala, os preços dos carros novos subiram levemente. Por fim, os preços de móveis e suprimentos domésticos subiram “apenas” 1% em relação a fevereiro, após dispararem nos últimos meses. O índice de móveis e operações saltou 10,1% em relação ao ano anterior, o maior desde 1975?, acrescentou.

De acordo com André Perfeito, os dados sugerem certo pico de inflação e isto tem feito que investidores tirem em parte o pé dos juros mais altos sem com isso dizer que não haverá altas consideráveis na taxa básica norte-americana, que deve ter o ritmo aumentado de 0,25 ponto percentual para 0,50.