LVIV — Uma área da usina nuclear ucraniana de 6.000 megawatts de Zaporozhzhia, a maor da Europa, foi atingida durante um ataque de soldados russos, e parte da estação pegou fogo, disse o Ministério de Energia Atômica da Ucrânia na noite desta quinta-feira (madrugada de sexta no horário local), de acordo com a agência RIA. Posteriormente, autoridades ucranianas disseram que a segurança da usina estava “garantida”.

“O diretor da usina disse que a segurança nuclear agora está garantida. Segundo os responsáveis pela usina, um prédio de treinamento e um laboratório foram afetados pelo fogo”, declarou no Facebook Oleksander Starukh, chefe da administração militar da região de Zaporizhia (Sul).

Previamente, um porta-voz da usina disse à RIA que os níveis de radiação continuavam inalterados no local, informação confirmada à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) por autoridades ucranianas. Segundo a RIA, o serviço de emergência ucraniano disse que o incêndio se localizava fora do perímetro da estação, e que um de seus blocos havia sido desligado.

Antes da informação de que a segurança da usina estava garantida, o chanceler da Ucrânia, Dmytro Kuleba, fez um apelo pelo fim das hostilidades na região.

“Se explodir, será dez vezes maior do que Chernobyl! Os russos têm que conter o fogo IMEDIATAMENTE, permitir que os bombeiros estabeleçam um perímetro de segurança”, tuitou Kuleba.

A informação sobre o fogo na usina foi divulgada primeiramente pelo prefeito da cidade de Energodar, Dmytro Orlov, em um vídeo postado em seu canal no Telegram. Ele citou o que chamou de ameaça à segurança mundial, mas sem dar detalhes.

Mais cedo, Orlov já tinha afirmado que uma coluna de soldados russas se direcionava para a usina nuclear, relatando que “tiros altos podiam ser ouvidos na cidade”. Autoridades ucranianas também informaram que as tropas russa intensificavam os esforços para tomar o controle da usina e que haviam entrado na cidade com tanques.

Pela manhã, as agências internacionais informaram que as tropas russas tinham avançado até 35 km na região, entrando em confronto com ucranianos em Voznesenk, a cerca de 30 km de distância, ainda na quarta-feira.

Na ocasião, o chefe interino da empresa nuclear estatal ucraniana Energoatom, Petro Kotin, disse que, “se a situação piorar, será impossível pensar no que acontecerá se eles começarem a bombardear. Eles simplesmente não sabem o que estão fazendo”. Ele também pontuou que não acredita que os russos tenham recebido ordens para fazer um ataque às usinas.

A Rússia já capturou a extinta usina de Chernobyl, a cerca de cem quilômetros ao norte da capital da Ucrânia, Kiev, numa operação que Kotin qualificou de “terrorismo nuclear”.

Kotin informou ter pedido à AIEA, vinculada à ONU, que revise seu relacionamento com a Rússia, ajude a criar um perímetro de proibição de 30 quilômetros das usinas para as forças russas, bem como pressione para que a Otan estabeleça uma zona de exclusão aérea sobre o país, segundo o documento visto pela Reuters.

A AIEA disse que está trabalhando com todas as partes para determinar como pode efetivamente fornecer assistência.

Os EUA e seus aliados da Otan rejeitaram o pedido da Ucrânia de impor uma zona de exclusão aérea sobre o país, argumentando que isso levaria a um confronto direto com a Rússia.

A Rússia descreve suas ações na Ucrânia, que começaram em 24 de fevereiro, como uma “operação especial” que, segundo ela, não foi projetada para ocupar território, mas para destruir as capacidades militares do seu país vizinho e capturar o que considera nacionalistas perigosos.

Kotin disse que as tropas russas queriam que as forças locais se rendam para que pudessem assumir o controle das áreas vizinhas e da usina.