Criticado pelos EUA, Bolsonaro alega que não tomou partido ao “se solidarizar” com a Rússia

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Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, criticou Bolsonaro

Pedro Henrique Gomes e Gustavo Garcia
G1 Brasília

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (18) que, na viagem que fez a Moscou nesta semana, não tomou partido “de ninguém” ao se solidarizar com a Rússia. Durante a viagem a Moscou, Bolsonaro disse ao lado de Putin, no Kremlim, que se solidarizava com a Rússia.

Integrantes do governo dos Estados Unidos, em resposta, disseram que a viagem não poderia ter acontecido em momento “pior” e que o Brasil “parece estar do outro lado”.

GRATO A PUTIN – “Estou muito feliz, grato ao presidente russo. A gente pede a Deus que tenhamos paz na região. Até falei lá que o mundo é a nossa casa e que Deus está acima de todos. Falei a mensagem de paz. Não fomos para tomar partido de ninguém”, declarou Bolsonaro nesta sexta em transmissão ao vivo em rede social.

“A nossa missão tinha um objetivo específico. Alguns levaram para um lado que estou apoiando A, B ou C, ‘não devia fazer isso, devia fazer aquilo’. Teve crítica, bastante. Viemos para cá, ficaram, realmente, boas impressões e bons negócios”, acrescentou o presidente.

O presidente Jair Bolsonaro e o príncipe saudita, Mohamed bin Salman, durante encontro na cúpula do G20 no Japão, em 2019 — Foto: Alan Santos/PR

Bolsonaro com Salman, que mandou esquartejar um jornalista

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BOLSONARO CONVIDA PRÍNCIPE SAUDITA

Natuza Nery e Julia Duailibi    G1 Brasília

O presidente Jair Bolsonaro convidou o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, para vir ao Brasil, afirmam fontes do governo. Essas fontes disseram às comentaristas Natuza Nery e Julia Duailibi que Salman aceitou. Conforme as tratativas, o encontro está previsto para março. O convite formal foi feito pela diplomacia brasileira ao ministro dos Negócios Estrangeiros, príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, em 25 de novembro de 2021, quando ele esteve no Brasil.

Mohamed bin Salman é conhecido no mundo por usar medidas violentas para silenciar dissidentes, inclusive no exterior. A Arábia Saudita é uma ditadura. Ele é apontado em relatórios do departamento de inteligência dos Estados Unidos como o mandante da morte do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018. Crítico do regime, o repórter foi assassinado e esquartejado após entrar no consulado da Arábia Saudita em Istambul.

“AFINIDADE” – Em 2019, Jair Bolsonaro sofreu diversas críticas ao decidir fazer uma visita oficial à Arábia Saudita. Naquela ocasião, o presidente brasileiro afirmou ter “afinidade” com bin Salman. Desde então, os laços entre ambos ficaram mais estreitos.

“Temos uma reunião de negócios hoje à tarde. Todo mundo gostaria de passar uma tarde com um príncipe. Especialmente vocês mulheres, né? — disse Bolsonaro à época.

E prosseguiu, durante entrevista a jornalistas brasileiros: “Tenho uma certa afinidade com o príncipe. Em especial depois do encontro em Osaka”, referindo-se à reunião dos dois na última cúpula do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), em junho de 2019, no Japão.