Carlos Newton
O presidenciável e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (Podemos) rebateu nesta quarta-feira as críticas feitas pela PF (Polícia Federal), que ontem o acusou de mentir em seus “ataques descabidos” à entidade. Como resposta, Moro disse que a corporação não prende mais os “grandes tubarões” por crimes de corrupção.
“Não é só uma questão de quantidade, mas de quem está sendo preso. Prendeu o bagrinho da corrupção? Isso sempre teve. Prendeu lá um funcionário público que cobrou propina para conceder uma licença, um guarda que deixa de aplicar uma multa. Isso tem. Agora grande corrupção, os grandes tubarões… Não está tendo prisão nenhuma. A gente não ouve falar nada sobre isso”, declarou Moro, em entrevista à Rádio Rio FM, de Aracaju.
SEGUNDO TURNO – Em outra entrevista, ao programa “Pânico”, da Rádio Jovem Pan, o pré-candidato do Podemos disse não acreditar que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputem o segundo turno das eleições, porque o brasileiro “não tem vocação para cometer suicídio, fazer suicídio do país”.
Pesquisas de intenção de voto feitas por diferentes institutos mostram que, se as eleições fossem hoje, Lula e Bolsonaro iriam ao segundo turno. Moro, no entanto, crê que seu nome vai decolar ao longo do ano e se tornará mais competitivo.
“A gente está só começando, tem muito tempo para caminhar, crescer, e o que a gente tem a nosso favor é a verdade. A gente vai falar com as pessoas e explicar tudo o que aconteceu. Eu não acho que o Brasil vai correr esse risco de ter Lula e Bolsonaro no segundo turno, para mim é flertar com o abismo”, avaliou.
CANDIDATURA FIRME – Moro ainda reafirmou sua intenção de concorrer à Presidência e negou informações de que desistiria para tentar uma vaga na Câmara ou Senado. “Não existe essa história.”
O ex-ministro também disse que, caso eleito, nomeará ministros “terrivelmente contra a corrupção” ao STF (Supremo Tribunal Federal). O próximo presidente irá indicar os substitutos de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, que se aposentarão durante o próximo mandato.
Durante a entrevista, o ex-juiz da Lava Jato disse ainda ter sido “sabotado” por Bolsonaro quando era ministro da Justiça e Segurança Pública do governo do mandatário. Ele citou o projeto de lei anticrime apresentado, além da defesa da execução da pena em segunda instância e pela autonomia da Polícia Federal. Para ele, no entanto, o presidente “contribuiu para esse ambiente de reação contra o combate à corrupção”.
CENÁRIO DE CULPA – Segundo ele, Bolsonaro enfraqueceu o combate à corrupção e “oportunistas” se aproveitaram dessa oportunidade. “Hoje, infelizmente, estamos num cenário que é culpa. Não vamos colocar no Bolsonaro somente, mas é dele também a culpa quando houve esse enfraquecimento e gerou a possibilidade desses oportunistas enfraquecerem o combate à corrupção. Infelizmente, isso teve cumplicidade de parte do Congresso e do Supremo”, atacou.
A respeito da parte econômica, Moro disse que o foco será o crescimento econômico, com âncora fiscal e retomada da agenda de reformas, como a tributária e administrativa. E atacou as propostas do principal adversário.
“Lula sugere que vai começar a chover picanha. A gente conhece o governo do PT, acabou com a maior recessão da história, até hoje a gente não conseguiu se recuperar. O PT nos fez perder nove anos de crescimento. A gente vai retomar o desenvolvimento com responsabilidade social, fiscal, e o objetivo é voltar a gerar emprego. Lula e Bolsonaro querem um cheque em branco, vêm com propostas que são populistas”.