Concentração de privilégios

 

Editorial – O Poder

A pandemia acelerou a concentração de renda no Brasil e no mundo, conforme já foi amplamente noticiado. Mas um outro fenômeno paralelo, não mensurável pelos institutos de avaliação, é a concentração de privilégios. O primeiro privilégio perdido foi o direito coletivo à verdade.

Todas, melhor dizendo, quase todas as pessoas, foram enganadas com a promessa da vacina frear a doença em segunda dose ou dose única. Nem a segunda, nem a terceira, nem a quarta dose evitam a contaminação e a propagação da doença. Aqueles mesmo que espumavam cobrando ciência, inventaram, sem qualquer base científica, que a vacina evitava casos graves. Improvável. O que, tudo indica, evita casos graves são as características da variante do momento, a Ômicron. Agressiva, porém menos letal. É só comparar os dados de mortalidade dos países africanos, com índices de vacinação perto do zero, e países quase totalmente vacinados. São semelhantes.

A pandemia, em gravíssima adição, revogou um princípio básico do ordenamento jurídico ocidental. O de que a lei é para todos. Claro que, desde sempre, como George Orwell escreveu na sua genial fábula A Fazenda dos Animais (conhecida no Brasil como A Revolução dos Bichos), todos são iguais. Alguns são mais iguais que outros.

Neste final de semana, a sociedade pernambucana oprimida por decretos autoritários, regras estabanadas, passaportes inúteis, decisões totalitárias, levou uma tapa na cara. A festa de casamento de um rapaz da nova elite foi um acinte revoltante, difícil de engolir.

Eles, os mais iguais, podem tudo. O distanciamento é norma para os comuns, não para a nova nobreza. E fazem questão de vomitar seus privilégios na cara dos outros. Como um ricaço exibindo seu carro que custa milhões, trafegando pelas ruas de uma favela e gritando para quem corre evitando o atropelamento: sai da frente, vagabundo. Quem mandou ser pobre?

Bem, deixar de ser pobre não depende de um ato de vontade. Mas deixar de sofrer afrontas desse tipo, só depende da vontade do eleitor. Em outubro, Pernambuco vai mostrar se ainda é o Leão do Norte ou se virou um vira-latas covarde, que merece o lixo que come.

Deplorável a omissão covarde dos “defensores dos pobres e oprimidos”. Nenhuma voz vinda desse gueto se manifestou. Alguns desses enganadores se intitulam de esquerda, que cinismo. E o pior: tem quem acredite. Não fosse a coragem pessoal e cívica de Magno Martins e alguns outros blogueiros, e ao território livre das redes sociais, o assunto tinha permanecido nas sombras. Nossa solidariedade à imprensa livre e irredenta, fiel aos melhores ideais do jornalismo libertário pernambucano.

O Poder é 100% favorável às regras de distanciamento e à vacina. O Poder é contra a mentira e a embromação.