Previsões de longo prazo realizadas no começo da pandemia não se concretizaram. Especialistas ouvidos pelo Poder360 afirmam ser difícil estimar tendências duradoras de doenças transmissíveis. Projetar sobre um vírus recém-descoberto foi ainda mais arriscado.
“Projeção boa para doença transmissível é para as próximas duas semanas. Depois vai caindo a precisão”, diz Fátima Marinho, doutora em medicina pela USP e pesquisadora de mortalidade.
Ela afirma ser complexo prever qual será o comportamento do vírus –se surgirá uma nova mutação, por exemplo– e também da sociedade –se haverá contato entre as pessoas ou algum evento de grande aglomeração.
Márcio Watanabe, cientista de dados e professor do Departamento de Estatística da Universidade Federal Fluminense, diz que a maioria das previsões em epidemiologia não são precisas.
“Quando tentamos prever o vai acontecer na pandemia inteira, do começo ao fim, como foram as previsões do Imperial College, a chance de cometer um erro muito grande é bastante significativa”, afirmou.
Em março de 2020, a universidade britânica Imperial College London calculou estimativas para o total de mortos “até o final da pandemia”, que, segundo a projeção, seria ainda naquele ano. Foi uma das projeções mais divulgadas pela mídia.
A previsão mostrava que o Brasil poderia chegar a 1 milhão de mortos pela covid-19 caso não tomasse nenhuma medida de combate à pandemia. Se fossem implementadas medidas radicais conta a doença, projetava 206 mil óbitos. E 576 mil vítimas, caso houvesse só distanciamento social.
O Brasil terminou aquele ano com 195 mil mortes notificadas pela doença. Passado mais de 1 ano, soma 623 mil vítimas até segunda-feira (24). A pandemia segue sem data para terminar.