O PRIMEIRO CLÁSSICO. Por CLAUDEMIR GOMES

Por CLAUDEMIR GOMES

Sport e Náutico disputam hoje o primeiro clássico pernambucano da temporada 2022. O jogo é válido pela Copa do Nordeste. Alvirrubros e rubro-negros medirão forças, no mínimo, quatro vezes este ano. Mas existe a possibilidade de o número de confrontos entre os dois times ser elevado para oito ou nove vezes. Tudo vai depender dos desempenhos do Leão e do Timbu no Pernambucano, na Copa do Nordeste, na Copa do Brasil e no Brasileiro da Série B.

Clássicos que acontecem nas primeiras rodadas das competições não servem de parâmetros para o restante da temporada por uma série de fatores. Questões óbvias como ausência de bons jogadores, os times ainda estão em formação, e este ano existe um adversário comum, e oculto, que tem tirado muitos profissionais de jogos: a pandemia do Covid.

Em épocas passadas os clássicos sempre eram preservados, programados para serem disputados a partir da quinta rodada. E olha que existia tempo para realização de uma pré-temporada digna. Certo dia, com o objetivo de atender os interesses da televisão, que sempre se preocupou, unicamente, com a audiência, em detrimento do bom futebol, alguém defendeu a programação de clássicos na abertura dos campeonatos. Seduzidos pelo canto da sereia, os dirigentes logo balançaram a cabeça. O nível técnico dos primeiros clássicos foi comprometido de forma absurda.

Restou a rivalidade.

E por falar em rivalidade, o clássico deste sábado entre rubro-negros e alvirrubros, na Ilha do Retiro, terá apenas a torcida leonina. Sinais dos tempos em que o futebol se curva a violência das organizadas. Considero a medida questionável, embora não seja expert em segurança. Afinal, a torcida do clube que não é o mandante está proibida de ter acesso ao estádio, mas nada impede os “brigões e baderneiros” de transitarem pelas ruas da cidade. Detalhe: os confrontos entre torcidas organizadas raramente acontecem dentro dos estádios, elas se programam para as “batalhas” nas ruas e nas estações de metrô.

Quando comecei a frequentar estádios as torcidas eram sinônimos de festa, alegria. Acompanhei a trajetória do hexa do Náutico; do penta do Santa Cruz e bons momentos do Sport com estádios lotados, todos juntos e misturados numa civilidade que foi empanada pelo surgimento das organizadas e seus gritos de guerra que já causaram mortes, mutilações e transformou o futebol, maior entretenimento do país, em refém da violência.

Sport e Náutico não tiveram boas estreias na Copa do Nordeste. Os leoninos amargaram uma derrota para o CRB, em Maceió, enquanto os alvirrubros tiveram que digerir um empate, sem gols, com o Campinense, nos Aflitos. O jogo do Náutico com o time paraibano teve como pano de fundo os confrontos entre as torcidas organizadas. A do Campinense foi respaldada pela do Sport, numa espécie de trailer do que pode vir a acontecer na tarde/noite deste sábado, nas ruas do Recife.

Não podemos esperar um futebol de boa qualidade técnica no primeiro clássico da temporada. Os dois times não estão credenciados para tal façanha. Mas que sejam intensos na busca da superação. É o mínimo que se espera de uma rivalidade centenária.