Operação em Paudalho tem como alvo o prefeito Marcello Gouveia (PSD)

Do Blog Cenário

Em uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (13), o delegado titular da 2ª Delegacia de Combate à Corrupção, Diego Pinheiro, deu detalhes sobre a Operação Sujeito Oculto. De acordo com a Polícia Civil, as investigações começaram em janeiro de 2020, através de uma denúncia anônima de que uma empresa contratada pela Prefeitura de Paudalho seria de fachada, e que o seu sócio administrador seria um “laranja” de um agente político, sendo, inclusive, servidor do município e ex-funcionário em uma construtora do político

Apesar de a polícia não ter informado os nomes dos investigados, uma fonte ouvida pelo Blog Cenário confirmou que o agente político citado no caso é o prefeito Marcello Gouveia (PSD), que é do ramo de engenharia, e seria o verdadeiro proprietário da empresa que venceu as licitações em Paudalho. Ele foi um dos alvos de 16 mandados de busca e apreensão domiciliar cumpridos ontem (12), nas cidades de Paudalho, Recife, São Lourenço da Mata, Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe.

A empresa, conforme investigação, não tinha qualquer capacidade financeira, técnica e operacional para participar de concorrências públicas, e utilizou documentos falsos em três editais de Paudalho. Esta empresa, em específico, tinha capacidade financeira de R$ 500 mil e ganhou licitações que somam R$ 5 milhões, mas seus sócios possuem renda muito inferior, conforme fotos abaixo.

Agente da Polícia Civil durante a Operação Sujeito Oculto

Ao longo das investigações, a polícia conseguiu identificar que foi criada uma outra empresa de fachada, cuja sócia administradora é a mãe do agente político (Marcello Gouveia). Esta segunda empresa ainda era gerida por um assessor de Marcello e representada nas licitações por um dos gestores da primeira empresa de fachada. A Polícia ainda identificou que em três licitações de cidades distintas, essas duas empresas concorreram entre si e a primeira sempre vencia, o que caracteriza fraude nas licitações, tendo em vista que duas empresas do mesmo proprietário de fato participaram dos certames, dando a falsa impressão de concorrência às licitações.

Esta foi a primeira fase da Operação Sujeito Oculto, onde foram identificados os crimes de fraude em licitação e organização criminosa. Nas buscas, a polícia apreendeu documentos, equipamentos eletrônicos como computador, celulares e tablets, além de uma arma e munições. Ainda foi determinado o bloqueio de bens e valores dos investigados e a proibição de que as empresas possam participar de licitações.

A próxima fase, agora, visa apurar os indícios de que as empresas de fachada e os laranjas estariam sendo utilizados para a lavagem de dinheiro. Entramos em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Paudalho, para buscar uma resposta em relação às investigações, mas recebemos a informação de que, “em breve”, o município irá emitir uma nota.