Após ataques de Roberto Jefferson a Bolsonaro, PTB reforça apoio à reeleição do presidente

Em nome dessa aliança política, Bolsonaro deixou para trás as duras críticas recebidas de Roberto Jefferso

Roberto Jefferson
Roberto Jefferson – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
A dirigente nacional do PTB, Graciela Nienov, publicou um vídeo nessa terça-feira (11) ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL) reforçando o apoio do partido ao plano de reeleição do mandatário. Durante a gravação, em nome dessa aliança política, Bolsonaro deixou para trás as duras críticas recebidas de Roberto Jefferson, presidente de honra da sigla preso desde agosto passado por atacar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Estou recebendo a Graciela aqui, ela é presidente do PTB.  Tem uma longa história com Roberto Jefferson também. Já fui do PTB. E obviamente o partido nos apoia e estará junto conosco… Ou melhor, continuará junto conosco ao longo deste ano e nos outros anos também”, diz Bolsonaro.

Em outubro do ano passado, em uma carta escrita de dentro do complexo penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro, onde Jefferson está preso, o ex-dirigente do PTB criticou Bolsonaro e um dos seus filhos, o senador Flávio (PL-RJ), pelo o que chamou de “vício nas facilidades do dinheiro público”. Jefferson fazia referência à aproximação do presidente com caciques do Centrão, como Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Ciro Nogueira, do PP.

“O presidente tentou uma convivência impossível entre o bem e o mal. Acreditou nas facilidades do dinheiro público. Esse vício é pior que o vício em êxtase. Quem faz sexo com êxtase tem o maior orgasmo ou ejaculação que o corpo humano de Deus pode proporcionar. Gozou com êxtase, para sempre dependente dele. Desfrutou do prazer decorrente do dinheiro público, ganho com facilidade, nunca mais se abdica desse gozo paroxístico que ele proporciona. Bolsonaro cercou-se com viciados em êxtase com dinheiro público; Farias, Valdemar, Ciro Nogueira, não voltará aos trilhos da austeridade de comportamento. Quem anda com lobo, lobo vira, lobo é. Vide Flávio”, escreveu Jefferson.

Na época, Graciela justificou as críticas de Jefferson como um “desabafo” e disse estar um “pouco triste” com a aproximação de Bolsonaro ao PP e ao PL. O presidente ainda não havia se filiado à sigla de Valdemar.

“Há revolta! Eu também estou revoltada com o abandono do nosso presidente, confesso. Tentamos marcar agenda com ele, que não aceitou. Não quis nos receber no Palácio. E você vê teu líder [Jefferson] preso, em nome das liberdades, e acontece isso”, disse Graciela Nienov em mensagem de áudio divulgada pelo partido na época.

“O presidente não pode ir para o PP, metade é de esquerda. O Nordeste todo está fechado com o PP. Gente, o PL tem um presidente que foi envolvido no mensalão, numa organização criminosa. Como um homem de bem pode ir para esses partidos?”

Para gravar o vídeo divulgado nesta terça-feira, Graciela foi recebida no Palácio por Bolsonaro e por Flávio. A gravação sela o apoio do PTB de Roberto Jefferson, delator do esquema do mensalão, à reeleição de Bolsonaro.

“Vamos estar juntos pelo bem da nação. O PTB quer o bem da nação. E nós vamos estar juntos com o senhor. Porque você representa as nossas crenças, você representa a família brasileira, você representa o sentimento das pessoas de bem. O PTB estará junto com você exatamente por isso”, diz Graciela, no vídeo.

Apesar das críticas que recebeu de Jefferson, Bolsonaro encerra o vídeo mandando um abraço para o ex-deputado: “Um abraço lá para o Roberto Jefferson.”

Desafeto de Graciela, a ex-deputada federal Cristiane Brasil, filha de Jefferson, disse que a dirigente partidária faz uma promessa no vídeo que não pode cumprir, visto que parte do partido não quer apoiar Bolsonaro. A justificativa, segundo ela, é que o presidente não agiu para tirar o ex-mandachuva do PTB da cadeia.

“O vídeo mostrou o presidente encaixando a coitada da menina que está tentando gravar um vídeo para mostrar apoio a Bolsonaro. Mas o presidente demonstra até certo desconforto mandando ela sair. Ela promete algo que não pode entregar: não sei se ela vai poder apoiá-lo, pois há uma boa parte do partido que não quer, por entender que o presidente tinha obrigação de tirar meu pai da cadeia. Graças a Deus estou longe dessa maluquice”, afirmou.

Após acusar Graciela de manipular seu pai e conspirar para assumir o controle do partido, Cristiane anunciou em dezembro a sua desfiliação.