Reeleição virou fator de prejuízo econômico para o país. Por Fernando Castilho

Por Fernando Castilho – coluna JC Negócios, do Jornal do Commercio.

O PT ainda comemorava, no final de 2014, a reeleição de Dilma Rousseff após um governo medíocre (o crescimento do PIB no ano seria de apenas 0,50%) quando, numa reunião com empresários, o então ministro da Casa Civil, Aloísio Mercadante proferiu uma das frases que melhor resume, até hoje, o quanto uma reeleição pode custar ao país: “Nós fomos longe demais”.

Economista respeitado, dentro e fora do PT, Mercadante sabia o que estava dizendo e o quanto a presidente tinha colocado na pratica uma de suas teses mais polêmicas quando, certa vez, confessou que “faria o Diabo” para se reeleger. E ela fez.

No seu governo atabalhoado, e com ajuda de Guido Mantega, Dilma desorganizou o sistema elétrico brasileiro, interferiu na política de preços da Petrobras, mexeu no câmbio para que não pressionasse a inflação e pressionou o Banco Central para não elevar a Selic. Ah, ela também desonerou 40 setores da economia, em parte deles, desnecessários e em alguns sem que eles pedissem.

O crescimento pífio de 0,50% de 2014 foi o prenuncio do desastre de 2015 com uma queda do PIB de -3,5% e mais 3,6%, em 2016, quando foi apeada do cargo num novo Impeachment.

“Fazer o diabo” para se reeleger tem sido uma prática perigosa que presidentes, governadores e prefeitos desde que, no embalo do sucesso do Real, o então presidente Fernando Henrique conseguiu mudar a Constituição de 1988 e inserir o instrumento da reeleição, em 1977, abrindo uma “Caixa de Pandora” que só nos legou problemas até agora.

REELEIÇÃO É TESE ENCANTADORA

A tese da reeleição é encantadora e provada em vários países especialmente nos Estados Unidos. Dar ao presidente o direito de um novo mandato para ampliar o sucesso de sua gestão. Se não aprovada a administração, o povo escolhe um novo gestor.

É bonita e nos estados brasileiros ela vem sendo explorada, ao máximo, tanto nos governos como nas prefeituras. Ela ajudou a Geraldo Alkmin a ser governador por quatro mandatos, em São Paulo. Elegeu duas vezes Eduardo Campos e mesmo numa performance ruim no primeiro mandato ela permitiu que Paulo Câmara se reelegesse ainda no primeiro turno em 2018.

Em todos os estados, governadores que disputam na cadeira e com a caneta na mão um novo mandato têm conseguido se reeleger. Isso segundo analistas está travando o surgimento de novas lideranças e baixando a qualidade da oposição feitas aos gestores praticamente inviabilizando a rotatividade no poder.

A exceção hoje está do Rio Grande do Sul que não reelegeu seus governadores após ela ser adotada. No Nordeste, virou um padrão.

Pernambuco é um bom exemplo da prática de perpetuação de grupos políticos. Este ano, o partido vai para sua quinta disputa com o Governo Paulo Câmara numa condição financeira excepcional e que desafia a Oposição. O PSB está Prefeitura há três mandatos depois de derrotar o seu antigo aliado o PT. O último prefeito da oposição na capital foi Roberto Magalhães derrotado quando tentava a reeleição.

FHC E A REELEIÇÃO COM O REAL

FHC convenceu o Congresso da ideia da reeleição até porque ela se deu em função do sucesso do Real que o ajudou a se eleger já que Itamar Franco (que sucedeu Collor com o impeachment), comandou uma eleição num ano muito bom na economia quando o país cresceu 5,82%. Tanto que o primeiro ano de FHC o país teve um crescimento do PIB de 4,22%, em 1995, já com a nova moeda.

Em 1998, FHC entregou um crescimento medíocre de apenas 0,34% e, no primeiro ano do seu segundo governo, o PIB do país cresceu apenas 0,47%, Mas o sucesso da nova moeda que eliminou a inflação foi a grande alavanca da reeleição já no primeiro turno. Em 2002, quando Lula se elegeu, FHC lhe entregou um país com uma economia crescendo 3,05%.

Já com a possibilidade de reeleição Lula engrenou uma linha de crescimento que começou com 1,14% no primeiro ano (2003) e quando disputou sua reeleição o crescimento do PIB no ano da disputa chegou a de 3,96% o que lhe favoreceu muito na disputa.

Tanto que, já no segundo governo, o país teve um crescimento do PIB de 6,07%, em 2007, até chegar aos impactantes 7,53%, em 2010.

E esse foi um sucesso de Governo tão grande que permitiu Lula eleger a desconhecida Dilma Rousseff. Mas a primeira mulher presidente do Brasil com discurso que sua eleição seria uma nova “reeleição” do governo Lula.

O problema é que Dilma Rousseff, não conseguiu superar o líder e, já no primeiro ano de mantado (2011), obteve um crescimento menor do que recebeu chegando a 3,97%.

A coluna completa está disponível no JC.