Brasil vai para a ponte que caiu. Por Antonio Magalhães

Por Antonio Magalhães

O ano de 2022 vai ser mais complicado do que o de 2021. Até as eleições gerais de novembro – deputados, senadores, governadores e presidente – vai ser uma guerra. E depois também se não houver uma conciliação política no País. A Nação está cansada dessas escaramuças políticas, acusações oposicionistas sem substância, Fakes News disseminadas por redes sociais e pela velha imprensa. Cansa.

No período mais intenso da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a então União Soviética, de 1962 a 1986, os dois polos ideológicos da época trocavam espiões aprisionados de ambos os lados. O diálogo foi mais importante, mesmo com a retaguarda de arsenais nucleares. Os americanos e soviéticos sabiam que com o confronto direto seus países seriam destruídos.

O local das trocas foi a Glienicker Brücke, uma ponte pouco expressiva que liga o bairro de Wannsee em Berlim com a cidade de Potsdam e ficou conhecida como a “ponte dos espiões”.

Com a divisão da Alemanha no pós-guerra pelos aliados em setores de ocupação, o meio da ponte acabou formando a fronteira entre lado Oriental e lado Ocidental – Potsdam é uma cidade que fazia parte da Alemanha Oriental e o bairro de Wannsee fazia parte de Berlim Ocidental.

A primeira troca de espiões aconteceu em 10 de fevereiro de 1962, quando os Estados Unidos liberaram o coronel russo Rudolf Ivanovich Abel  em troca do piloto americano Francis Gary Powers, capturado pela União Soviética em 1960. Vinte e três anos mais tarde, no dia 12 de junho de 1985, aconteceu a segunda troca de espiões quando 23 agentes americanos aprisionados na Alemanha Oriental e Polônia são trocados pelo agente polonês Marian Zacharski e mais 3 agentes soviéticos.

E oito meses depois, em 11 de fevereiro de 1986, ocorreu a última troca de espiões na ponte Glienicke: o prisioneiro político Anatoly Sharansky,  Wolf-Georg Frohn, Jaroslav Javorský e Dietrich Nistroy foram trocados por 5 agentes ocidentais. A possibilidade da batalha do juízo final assustou duas gerações da humanidade mas não se concretizou.

SEM DIÁLOGO – Em meio à radicalização ideológica e hipócrita do Brasil, setores mais sensatos sequer falam em diálogo, conciliação, na construção de uma ponte como a Glienicker Brücke para permitir a troca civilizada de ideias, a aceitação dos rigores da democracia, quem ganhou a eleição, ganhou. Quem perdeu, perdeu.

Conciliação difícil, principalmente quando a nau capitânia da oposição, o PT, se articula no continente por meio do Grupo de Puebla, substituto do Fórum de São Paulo, para retomar a hegemonia da esquerda nos parâmetros anteriores, impondo aos adversários um espaço político mínimo.

Para esse povo esquerdista não é uma lição o desastre econômico da Venezuela, a eleição do radical marxista peruano Pedro Castillo, a volta desastrosa do Kircherismo à Argentina e a eleição recente de Gabriel Boric da extrema-esquerda no Chile. Pelo contrário é a rota para tomar o Brasil.

SOBERANIA AMEAÇADA – E daí para pior, se o petista Lula voltar à Presidência da República. Ele conspira contra a soberania do País, cláusula pétrea da Constituição Federal, artigo primeiro.

À revista Focus, da Fundação Perseu Abramos, do PT, o ex-presidente disse no Grupo de Puebla, que reúne a esquerda latino-americana, que é preciso unir os países da região inclusive para falar sobre uma nova governança no mundo. Uma nova governança global.

Mas qual governança global interessa a Lula? Quer entregar nossa soberania aos globalistas ocidentais, aos milionários da esquerda, ou aos comunistas-capitalistas da China? Ele acha que com a América do Sul unida fica mais fácil negociar com os blocos econômicos. Um equívoco comprovado pela ineficácia do Mercosul, onde a política ideológica prevalece diante do comércio.

Entregar a soberania do país, como deseja Lula, além de ser um crime, é pôr fim a nossa independência perante outras nações, destruindo a auto afirmação nacional diante do contexto internacional. De acordo com Miguel Reale (pai) — já falecido  advogado, professor e reitor da USP — na obra Teoria do Direito e do Estado, “A Soberania é o poder que tem uma nação de organizar-se livremente e de fazer valer dentro do seu território a universalidade de suas decisões para a realização do bem comum”.

Diante de tanta insensibilidade política e grandes interesses econômicos transparentes e ocultos, o que se vê é que o Brasil está indo cada vez mais para a ponte que caiu. É isso.

*Jornalista