Roberto Carlos : Um espetáculo que encanta, sempre. Por Flávio Chaves

Por Flávio Chaves

Muita festa e alegria. Haja coração para aguentar tantas emoções de tantos amores que um dia partiram  ou ainda estão vivos. Dai nasceu a saudade, e o rei mexe todos os anos, em dezembro, com quem já amou um dia. É um calendário marcado que você sabe de tudo mas não pode perder esse show que a Globo e Roberto Carlos trazem em sua programação de fim de ano.   A sala se enfeita para o reencontro de todos os anos, por mais que doa; só existe uma vingança: a mesa com guloseimas e os drinques que entontecem e elevam todas as vozes unidas num só coro: …”O importante é que muitas emoções eu vivi”.

O rei tem esse fascínio, produz um encontro , quase masoquista para a plateia, mas que esse Brasil inteiro aguarda para reagir com a força do gogó, o coração que pulsa alegria e lembranças, com o entusiasmo de sentir que logo um novo ano se anuncia e um novo amor pode acontecer. Esse momento tem a magia de resplandecer o carinho em todos e a festa e nostalgia são o roteiro desse instante fascinante.

Nunca foi do nada que o rei trouxe tanto amor e espiritualidade, para seduzir os que se jogam de peito e alma em sua voz e canções. Cachoeiro do Itapemirim, a terra onde nasceu,  marcou profundamente, Roberto Carlos. Muitos fatos e episódios marcaram a sua infância e adolescência. Tudo que ele faz está sempre havendo um reencontro com suas historias vindas em sua bagagem quando de lá partiu um dia. Até a casa simples como ele canta em uma de suas músicas está cravada em sua memória. O  seu coração escuta sempre o barulho do trem. As ruas andadas com seu pai naquele tempo, tudo isso está marcado na mala de seu caminho.

Fascinante a vida, a história e sua maneira de mesmo cantando a sua alma, ele se entrega, canta e encanta a alma de sua gente. O selo do passado é a escrita de sua carta como companhia para toda a vida. O futuro do homem é a dor e a ternura de quando criança em chão de espinhos e flores. Roberto Carlos é  essa carta que ainda segue uma saudade imensa dentro da cidade grande. É uma eterna cachoeira dominando sua solidão que ainda está a conhecer os dias.

Este ano teve uma marca especial, acontecer o aniversario de seus 80 anos. O rei permanece com a mesma voz esplêndida e como um dia ele mesmo falou, muito longe, talvez em 1958, que era ” o inimitável.” Oferenda divina caída dos céus. A sua voz e a de muitos convidados registraram todos os ‘detalhes  do seu belo  e sempre ‘SHOW DE FINAL DE ANO’. O seu especial é mesmo, ‘uma brasa mora.’

Também Sandy, Fafá de Belém, Zeca Pagodinho, Wanderléa e Erasmo Carlos. Ainda Jota Quest, Zezé Di Camargo e Luciano, Lucas Lima e Liah Soares, primeira vencedora do “The Voice Brasil” e o Coral Resgate para a Vida.

Roberto vestiu azul e manteve o distanciamento dos seus convidados, respeitando os protocolos da pandemia. Nada foi capaz de interromper o brilho de todos os anos. De luto pela morte do filho Dudu Braga com apenas 52 anos, Roberto queria abraços e ternura. Chegou a dizer a Ivete que gostaria de ter dançado com ela agarradinho, como nos velhos tempos do romantismo.

Muitos motivos fazem do rei, um eterno esperado pela sua enorme plateia de fãs. O cara é uma luz que nunca se apaga. Deixa sempre o sabor do querer mais. Basta paciência e calma, Viver por um novo ano que se anuncia e aguardar novamente pelo rei, em dezembro de 2022. Não deixemos a distância tirar a nossa esperança.

Vale lembrar que o especial de Natal de Roberto Carlos vai ao ar desde o ano de 1974, ou seja, é uma tradição da TV brasileira.

Viva o rei. Viva todas lembranças bonitas de amor, ou não. O importante de tudo ainda é amar. O amor é tudo.