Ex-mulher denuncia agressões e ameaças de morte feitas pelo secretário de Justiça de PE: ‘sempre me bateu’, diz

Maria Eduarda Carvalho contou sobre os 25 anos com Pedro Eurico, que também é presidente do Conselho Nacional de Secretários de Justiça, e sobre dez denúncias à polícia. Político nega as acusações.

Maria Eduarda denuncia agressões de Pedro Eurico – Foto: Divulgação

Após os fatos virem a público, o até então secretário de Justiça e Direitos Humanos de PE pediu exoneração do cargo

A economista aposentada Maria Eduarda Marques de Carvalho denunciou agressões sofridas durante os 25 anos de relacionamento com Pedro Eurico. Ao todo, aliás, ela possui 10 boletins de ocorrência contra o ex-marido, além de uma medida protetiva. Ele, vale lembrar, ocupava o cargo de Secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco. Mas, após as violências virem à tona, Pedro Eurico pediu afastamento do cargo na noite desta terça-feira (7).

Em entrevista exclusiva à TV Globo, Maria Eduarda relatou as violências físicas e psicológicas que sofreu, além de ameaças de morte. Além disso, ela ressaltou que Eurico sempre pedia desculpas pelas agressões, que se repetiram diversas vezes, resultando em dez boletins de ocorrência. O último, aliás, foi registrado em novembro. A economista contou que tentou se separar antes, mas retomava o relacionamento, por pressão de Pedro Eurico ou por medo das ameaças. Ela ainda ressaltou que resolveu trazer o caso à tona “por medo de morrer”.

Maria Eduarda – Foto: Reprodução/TV Globo

“Eu não tinha mais condições de continuar vivendo do jeito que eu estava vivendo, sendo ameaçada, sendo perseguida. Então, eu achei que estava muito próxima da morte. Por conta disso, eu resolvi falar para que não apareça depois apenas a notícia: ela morreu. Eu gostaria apenas de viver. Muita vontade de viver ainda”, declarou.

Segundo Maria Eduarda, a situação ficou pior com o passar dos anos. “Ultimamente, a tortura psicológica era mais forte. Quando as pessoas me perguntam, eu não sei o que é pior, se a violência física ou psicológica. Não tem como comparar isso. É violência, é dor, é sofrimento, é medo. É muito medo”, disse. Em novembro deste ano, ela foi morar na casa da mãe, que já havia presenciado agressões. “Uma vez, eu estava com a minha mãe levando ela para o trabalho e dois motoboys quebraram meu carro todo. Depois, um desses dois parou na portaria do meu prédio para conversar com o porteiro e me viu chegando com o carro quebrado”, contou.

A economista relatou que o rapaz confessou que quebrou o automóvel dela e que não sabia que pertencia a ela, por conta do vidro escuro. “Disse que tinha sido Pedro Eurico [quem mandou]”, afirmou. Além disso, nos últimos anos, mesmo casados, eles dormiam em quartos separados, de acordo com Maria Eduarda. “Já tinha um quarto separado. Nos dias em que ele estava mais perturbado, desequilibrado, eu ia para esse quarto e me trancava. Ligava para o motorista, o segurança e dizia: ‘olhem, vocês fiquem alerta’. Várias vezes o motorista recebeu ligação minha: ‘venha para cá agora porque Pedro está surtando’”, relatou.

Após deixar a residência que dividia com o político, Maria Eduarda foi morar em um prédio em Olinda com a mãe. Ela, aliás, disse ter avisado ao condomínio, através de um ofício, que Pedro Eurico não tinha autorização para entrar. Ainda assim, o político esteve no local e subiu para o apartamento dela, que não estava em casa, segundo a denúncia. Tudo aconteceu no dia 1º de novembro. A economista contou que recebeu uma ligação do porteiro avisando que o secretário de Justiça invadiu o prédio com outro homem.

Pedro Eurico – Foto: Reprodução/TV Globo

No mesmo dia da invasão, a mulher pediu uma medida protetiva, que foi concedida pela Justiça. Em 4 de novembro, Pedro Eurico teria entrado com um pedido de divórcio e, mesmo assim, teria voltado ao prédio menos de uma semana depois.

Em nota, Pedro Eurico negou as acusações. Além disso, afirmou que os fatos são inverdades sobre sua vida pessoal e que a exposição na imprensa é “uma sórdida trama de interesse patrimonial”. Ainda assim, ele pediu afastamento o cargo de Secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado. Aliás, a assessoria de imprensa de Pernambuco afirmou que o pedido foi logo aceito pelo governador Paulo Câmara (PSB).