BIOGRAFIA DE UM FUNERAL

Lima Barreto morreu após sofrer um ataque cardíaco (Reprodução/Internet)

Morre Lima Barreto

A genialidade do escritor só foi reconhecida após sua morte, ocorrida no dia 1 de novembro de 1922

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881 na cidade do Rio de Janeiro. Enfrentou o preconceito por ser mestiço durante toda a vida. Ficou órfão de mãe aos sete anos e, algum tempo depois, seu pai foi trabalhar como almoxarife em um asilo de loucos chamado Colônia de Alienados da Ilha do Governador.

Concluiu o curso secundário na Escola Politécnica, contudo, teve de abandonar a faculdade de Engenharia, pois seu pai havia sido internado, vítima da loucura, e o autor foi obrigado a arcar com as despesas da casa.

Como leu bastante após a conclusão do segundo grau, sua produção textual era de excelente qualidade, e foi então que iniciou sua atividade como jornalista. Contribuiu para as principais revistas de sua época: Brás Cubas, Fon-Fon, Careta etc. No entanto, o que o sustentava era o emprego como escrevente na Secretaria de Guerra, onde se aposentaria em 1918.

Não foi reconhecido na literatura de sua época, apenas após sua morte. Viveu uma vida boêmia, solitária e entregue à bebida. Quando tornou-se alcoólatra, foi internado duas vezes na Colônia de Alienados na Praia Vermelha em razão das alucinações que sofria durante seus estados de embriaguez.

Lima Barreto: literatura que se confunde com vida pessoal denuncia racismo  – Jornal da USP

Lima Barreto fez de suas experiências pessoais canais de temáticas para seus livros. Em suas obras denunciou a desigualdade social, como em Clara dos Anjos, o racismo sofrido pelos negros e mestiços e também as decisões políticas da Primeira República. Além disso, revelou seus sentimentos sobre o que sofreu durante suas internações no Hospício Nacional em seu livro “O cemitério dos vivos”.

Sua principal obra foi “Triste fim de Policarpo Quaresma”, no qual relata a vida de um funcionário público, nacionalista fanático, representado pela figura de Policarpo Quaresma. Dentre os desejos absurdos deste personagem está o de resolver os problemas do país e o de oficializar o tupi como língua oficial do Brasil.

Lima Barreto morreu no primeiro dia do mês de novembro de 1922, vítima de ataque cardíaco decorrente do alcoolismo.