Deu na Carta Capital
O plenário da Câmara aprovou nesta terça-feira, em segundo turno, o texto da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios, que abre espaço de R$ 91,6 bilhões no Orçamento de 2022 para o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e viabiliza o financiamento do Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.
Agora, a matéria segue para análise do Senado, onde ainda pode sofrer alterações. Ao todo, 323 deputados votaram a favor da PEC e 172, contra. No primeiro turno de votação, na última quinta-feira (4), o placar havia sido de 312 a 144 — com apenas quatro votos “sim” acima do mínimo necessário (308).
SIM OU NÃO – Partido de oposição, o PDT estava no centro das discussões por conta da posição de orientar a mudança de votos de seus deputados para o “não”. Ainda assim, mesmo após a sigla fechar a questão, cinco parlamentares mantiveram o voto pelo “sim”. São eles: Alex Santana (BA); Flávio Nogueira (PI); Marlon Santos (RS); Silvia Cristina (RO) e Subtenente Gonzaga (MG).
Caso seja aprovada como está pelo Senado, a proposta é, por fim, promulgada em forma de emenda constitucional — ou seja, vira lei. Mas se os senadores promoverem qualquer mudança substancial (e não apenas de redação) na PEC, ela voltará para a Câmara, onde será votada novamente.
DISSE CIRO – O provável candidato do PDT à Presidência em 2022, Ciro Gomes, se manifestou na noite desta terça-feira 9, por meio de um vídeo publicado minutos depois de a Câmara aprovar, em 2º turno, a PEC dos Precatórios, uma obsessão eleitoral do presidente Jair Bolsonaro.
Ao contrário do 1º turno, o PDT orientou voto contrário à proposta, mas cinco de seus deputados endossaram o texto.
“Muitos companheiros tentaram, no 1º turno, atenuar danos do projeto tortuoso do governo. Mas convencidos, depois, de que isso era impossível, mudaram corajosamente o voto”, disse Ciro na gravação. “Apesar do nosso esforço, o governo conseguiu aprovar, temporariamente, a famigerada PEC, mas nossa luta não foi em vão. Ela estimulará o Senado a derrubar esta medida nociva ao País.”
No vídeo, Ciro também criticou o “orçamento secreto”, que tem ajudado Bolsonaro a manter uma base fiel no Congresso Nacional. Bilhões de reais foram distribuídos a um grupo de deputados e senadores que determinaram o que fazer com o dinheiro, sem qualquer critério técnico ou transparência. As emendas de relator previstas no Orçamento deste ano somam 18,5 bilhões de reais.
DESDE A ERA FHC – “Com formatos variados, o esquema vem desde o governo FHC, atravessou com pompas e glórias os governos de Lula, Dilma e Temer e chegou intocado, forte e aperfeiçoado no desgoverno Bolsonaro. E atenção, porque esse monstro pode continuar corroendo as entranhas do Brasil caso o próximo presidente saia de um desses cercadinhos, porque as conversas e conchavos continuam rolando soltas entre eles”, prosseguiu Ciro.
O pedetista ainda se referiu a Lula como “hipócrita”. “Você ouviu algum desses pré-candidatos denunciar de viva-voz a grande negociata que envolve a tal emenda do relator? Eles ou ficaram de boca fechada ou fizeram o teatro de Lula, que ficou caladinho e colocou seus papagaios de pirata para cacarejarem em torno do ninho dos ovos de ouro”, completou.