O que matou Marília Mendonça?

Do Jornal O Poder

Desde o acidente que vitimou a estrela Marília Mendonça e a equipe que a acompanhava no fatídico voo, O PODER dirigiu o foco das apurações para as possíveis causas de um acidente aparentemente improvável. Agora, levantamos com exclusividade, um documento chamado “notam” que descreve todas as circunstâncias permanentes e ocasionais que circundam um pouso em qualquer aeroporto. Está tudo avisado lá. A presença das torres é inadequada. Entretanto, o aviso é claro e até as coordenadas das suas localizações, altitude, detalhes, está tudo no documento, ao alcance de qualquer piloto. Isso acrescenta mais duvidas ao caso: se devia saber da torre e dos fios, por que a tripulação cometeu erro tão grosseiro?

FALHA

Humana ou técnica?
Todas as pessoas ligadas à aeronáutica, concordam: dificilmente um acidente aéreo decorre de um só motivo. A razão imediata da queda, até agora, não teve contestação. O trem de pouso do King Air enganchou num fio de alta tensão de uma torre que se situa no percurso do pouso. Mas isto estava avisado. O que levanta mais perguntas que respostas.

A AERONAVE

Conforme noticiamos ontem com absoluta exclusividade a aeronave modelo King Air da Beechcraft, que transportava Marília Mendonça e sua equipe, é um dos aviões mais seguros do mundo.
Inclusive é dos poucos homologados para transportar o presidente norte americano em algum deslocamento onde não caiba o uso do Air Force One.
A grande questão é a provável ausência de intimidade do piloto com a rota. Sem perfeito conhecimento da pista, teria baixado demasiadamente a altura na aproximação para o pouso e consequentemente diminuiu a velocidade. Mas e as informações do ‘notam, as primeiras que ele devia ter consultado?

PALAVRA ABALIZADA

A reportagem de O PODER ouviu um piloto acostumado a pilotar aeronave do modelo acidentado. Ele não falou em “falha humana” mas com sua experiência e mais a avaliação das fotos da aeronave acidentada, deu o seu parecer que, com 99% de probabilidade, será confirmado daqui a muitos meses pela perícia.
” É certo que ele vinha com baixa velocidade. Quando ele enganchou o trem de pouso na rede de alta tensão, a aeronave “estolou”, o que em linguagem aeronáutica significa atingir o limite mínimo de velocidade, abaixo da qual perde altitude e corre o risco de cair.

ACONTECEU

Foi o que aconteceu, segundo especialistas. O avião caiu “estolado”, de barriga. Por isso, a aeronave permaneceu relativamente composta, partida em poucos pedaços. Ao contrário do que acontece normalmente quando nas quedas os aviões muitas vezes se pulverizam.

CONHECER A ROTA

Os pilotos mais antigos têm um axioma padrão: quanto mais o piloto repete a rota, em pequenas aeronaves, mais seguro é o voo.
O contrário também se aplica. Esse argumento, em parte, é anulado pelo “notam” do aeroporto, que avisava com absoluta clareza a existência do obstáculo, a altura das Torres e até suas coordenadas. O que, só por um descuido inimaginável, poderiam ter sido desconhecidos pelo piloto e seu co-piloto.

INACREDITÁVEL

O “notam” do aeroporto informava, no momento do acidente, as condições do tempo, todos os detalhes do obstáculo no percurso, o que torna o acidente da forma como aconteceu, algo inimaginável. O que pilotos experientes, solidários com o drama dos colegas e suas famílias, procuram abrir uma brecha para atenuar o erro humano é se, não teria havido, concomitantemente, falha mecânica.
Improvável.
Mas, como se trata de vidas, famílias e muitos sentimentos, O PODER admite o benefício da dúvida.

O CERTO

Marília Mendonça não precisava morrer.