ACM Neto anuncia que novo partido vai lutar muito pela vitória da terceira via

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ACM Neto diz que é preciso trabalhar contra a polarização

Camila Mattoso e Julia Chaib
Folha

O presidente do DEM, ACM Neto, secretário-geral do partido da União Brasil, que resultará da fusão com o PSL, afirma que a nova legenda terá como uma das prioridades atuar para evitar que o segundo turno seja entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

“Vamos trabalhar muito para evitar que este cenário se coloque. O nascimento do partido tem esse objetivo, de dar uma mexida, uma sacudida nesse campo”, afirmou Neto, em entrevista à Folha.

TRÊS CANDIDATOS – Hoje, ele disse, a União Brasil tem três pré-candidatos: Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde (DEM); o apresentador José Luiz Datena (PSL); e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Evitando definir o partido como de direita, Neto diz que a legenda prega a defesa da democracia e as liberdades individuais e que será um partido “sem dono”. O presidente do DEM declara ainda ter preferência pelo nome de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, frente a João Doria, governador de São Paulo, nas prévias que o PSDB fará em novembro.

Sobre a visão de líderes partidários, que dizem que o seu partido foi incorporado pelo PSL, Neto afirma que se trata de inveja.

Nos últimos meses o DEM perdeu quadros de relevância, como Rodrigo Maia e Rodrigo Garcia, e viveu uma campanha à presidência da Câmara considerada turbulenta. Foi por isso que o sr. decidiu fazer a fusão com o PSL?
Não. O Democratas foi o maior vitorioso nas eleições de 2020. Nenhum partido conseguiu expandir tanto as suas bases nas eleições municipais como nós conseguimos. E nós já tínhamos traçado um planejamento para o partido ter vida própria. Em qualquer cenário, dada a qualidade dos quadros do Democratas, nós teríamos uma relevância importante em 2022. O que nos estimulou a fazer esse movimento foi entender que existem novas regras no jogo que vão levar a uma necessária e positiva diminuição no número de partidos no Brasil.

O sr. diz que traz uma mensagem clara. Qual é esta mensagem que o sr. considera clara? Há bolsonaristas ainda no partido. O sr. acha que isso é uma mensagem clara?
Primeiro, acho que o nosso manifesto, que apresenta os quatro pilares fundamentais do partido, e os 44 princípios e valores demonstram que, acima de tudo, nós nascemos com o compromisso inafastável de defesa da democracia, que para nós é um valor inegociável.Depois, a gente traz uma mensagem para se contrapor ao que dominou a política brasileira nos últimos anos, que foram mensagens extremadas. A gente entende que é possível distensionar o ambiente, construir pontes..

Qual é a estimativa? No PSL, metade da bancada deve ir com Bolsonaro…
 O tempo verbal que precisa ser adequado nesse caso. O PSL tem, mas não terá.

Não terá o que? 
Metade da bancada vocacionada a estar ao lado do presidente nas eleições do ano que vem. Não adianta querer ver a fotografia da União pela soma matemática do que éramos o PSL e o DEM. Eu não constrangi nem aquele quadro mais ligado ao governo nem o mais oposição ao governo. E neste momento estamos montando novo partido, temos de aguardar a decisão de como ficará em cada estado.

A União Brasil é um partido de direita?
Nunca gostei desses rótulos. Acho que a demanda do cidadão é por resultados, querem que o político entregue o que promete, gestões eficientes. Isso é muito mais importante do que o carimbo ou o rótulo de direita ou de esquerda.

Vocês querem colocar uma terceira via. Se ela for inviável, em um segundo turno, entre Lula e Bolsonaro, quem a União vai apoiar?
Vamos trabalhar muito para evitar que este cenário se coloque. O nascimento do partido tem esse objetivo, de dar uma mexida, uma sacudida nesse campo. Temos hoje no partido três quadros que vocês sabem: Pacheco, Mandetta e Datena. Vamos deixar de conversar com outros partidos? Não. Não vamos. Ao contrário. A gente quer ampliar este diálogo. Eu acho que nenhum candidato novo, para quebrar a polarização, vai ser realmente viável antes de setembro do ano que vem porque nenhum deles tem o recall, a base de já ter sido testado nas urnas, como Bolsonaro e Lula. E os partidos que tiverem interesse em uma alternativa para o Brasil vão ter de acreditar, apostar e trabalhar na construção disso.