Começou nesta sexta-feira (1/10), em Olinda, a 13ª edição da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. É a primeira feira literária deste porte realizada presencialmente no Brasil desde o início da pandemia. O evento acontece até o dia 12 em formato híbrido (presencial e virtual), ocupando um espaço de 9 mil m² de um dos pavilhões do Centro de Convenções do Estado, e terá a participação de escritores como o moçambicano Mia Couto e o baiano Itamar Vieira Junior, vencedor do Prêmio Jabuti do ano passado pelo romance “Torto arado”.

A expectativa dos organizadores é que circulem pela Bienal de Pernambuco cerca de 450 mil visitantes, incluindo os virtuais. O evento reúne mais de 320 estandes, com 89 livrarias e editoras participantes. A programação oferece mais de 60 lançamentos literários e 50 palestrantes, além de outras ações.

— A gente vai ter nomes como a escritora argentina Mariana Enríquez falando das memórias góticas das ditaduras na América Latina, vamos ter Christian Dunker falando das relações entre psicanálise e pandemia, a historiadora Heloisa Starling e o pesquisador Renan Quinalha discutindo a perseguição aos LGBTQ e André Dahmer falando do trabalho de fazer tirinhas diárias em meio ao cenário atual do Brasil. É uma programação que quer flagrar esse momento de impasse e de medo em que estamos. E tudo isso on-line e aberto a todos no site — diz o jornalista e crítico literário Schneider Carpeggiani, curador da feira.

Dois pernambucanos são homenageados pela 13ª Bienal do Livro de Pernambuco neste ano: a escritora Cida Pedrosa, autora de títulos como “Solos para vilarejo” e “As filhas de Lilith”, e o educador e filósofo Paulo Freire (1921-1997). Para Carpeggiani, a escolha dos nomes se dá, para além da obra, pelo ativismo de ambos.

Paulo Freire é um dos homenageados da Bienal de Pernambuco. Foto: Maurício Novaes / Itaú Cultural
Paulo Freire é um dos homenageados da Bienal de Pernambuco. Foto: Maurício Novaes / Itaú Cultural

— A literatura de Cida Pedrosa dialoga com o Recife desde meados dos anos 1980. A maior parte do Brasil só a descobriu no final do ano passado, quando seu livro “Solo para vialejo” ganhou o Jabuti, coroando décadas de grande poesia e de grande ativismo por causas sociais. Sobretudo por sua atuação como feminista. Um nome de resistência como o de Cida conversa em sintonia com o centenário Paulo Freire, um homem sem o qual a nossa tragédia brasileira, com certeza, teria sido bem maior — comenta o curador.

Segundo Rogério Robalinho, organizador da bienal, o evento terá câmeras de reconhecimento facial para alertar sobre o uso de máscaras e medir a temperatura corporal, além dos já conhecidos totens de alcool em gel e de medidas de distanciamento em filas e estandes. Para ele, o formato híbrido possibilitou fazer o evento deste tamanho, agregando uma quantidade considerável de palestras e debates na programação.

— Cientes de que a pandemia não está ainda superada, reforçamos as ações virtuais, culminando na criação da plataforma e-Bienal, que permitiu a realização de debates, oficinas e lançamentos durante os últimos meses. Foram muitas discussões, experimentações de formatos e acompanhamento da situação sanitária para se chegar ao formato adotado para o 13º ano — explica Robalinho.

Para conferir a programação on-line completa da 13ª Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, acesse o site www.e-bienal.com/set2021.