“Querem eleger na fraude”, afirmou Bolsonaro, alegando que deputados “foram chantageados”

Jair Bolsonaro volta a criticar Barroso, presidente do TSE

Ricardo Della Coletta
Folha

Apesar da derrota da proposta do voto impresso na Câmara dos Deputados, o presidente Jair Bolsonaro manteve nesta quarta-feira (11) ataques à Justiça Eleitoral e insinuações sem provas sobre a segurança das eleições brasileiras.

Em conversa com apoiadores horas após a derrota, Bolsonaro disse que deputados que votaram pela PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso não confia no trabalho do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e que o resultado das eleições do ano que vem não será confiável.

MAIS CRÍTICAS – “Números redondos: 450 deputados votaram ontem [terça-feira]. Foi dividido, 229 [a favor], 218 [contra], dividido. É sinal que metade não acredita 100% na lisura dos trabalhos do TSE. Não acreditam que o resultado ali no final seja confiável”, disse o presidente.

“Hoje em dia sinalizamos uma eleição… não é que está dividida. Uma eleição onde não vai se confiar no resultado das apurações”, declarou aos seus apoiadores.

No cercadinho, Bolsonaro voltou a alimentar teorias da conspiração sobre a fragilidade dos sistemas internos do TSE e sobre a existência de um suposto plano para eleger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “na fraude”. As falas do mandatário foram transmitidas por um site bolsonarista.

ELEGER NA FRAUDE – “O que a gente quer —repito aqui— é uma maneira de a gente comprovar que em quem o João ou a Maria votou, o voto foi para aquela pessoa. Não tem explicação o que estão fazendo”, disse, acrescentando:

“Querem na verdade levar, eleger, uma pessoa na fraude. Uma pessoa que há pouco tempo esteve à frente no Executivo e foi uma desgraça o que aconteceu”, disse Bolsonaro.

Em outro trecho, Bolsonaro disse estar “feliz com o Parlamento” após o resultado da votação. Ele também afirmou que alguns deputados que foram contra a PEC o fizeram por terem sido “chantageados”.

“CHANTAGEADA” – “Quero agradecer à metade do Parlamento que votou favorável ao voto impresso. Parte da outra metade, que votou contra, que entendo que votou chantageada. Uma outra parte que se absteve, não são todos, alguns ali que não votaram com medo de retaliação”, disse.

Um dia antes, Bolsonaro acusou o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE e integrante do STF, de “apavorar” parlamentares contra o voto impresso. “O ministro Barroso apavorou alguns parlamentares, e tem parlamentar que deve alguma coisa na Justiça, deve no Supremo. Então o Barroso apavorou.”