A Arte de Furtar: meu livro de cabeceira. Por José Adalbertovsky Ribeiro

 

Dedico este artigo à mundiça do Covidão, dos respiradores para pocilgas, equipamentos superfaturados e outras maldições 

comentarista Por José Adalbertovsky Ribeiro – Jornalista e escritor

MONTANHAS DA JAQUEIRA – Às vezes costumo dar um rolé nas livrarias para tirar onda de intelectual e curtir um papo-cabeça com a galera. Deparei-me vez com o livro “Arte de furtar – Anônimo do século XVII”. Folheei furtivamente umas páginas. Estava sem dinheiro e com o cartão de crédito bloqueado, por conta de perseguição da Serasa. Olhei ao redor. O vendedor deu um vacilo… Apliquei o bote na manha do gato!

Trata-se de um clássico da literatura portuguesa, de ironia feroz e estilo requintado. Vou adotá-lo como meu livro de cabeceira. Mas,  atualmente com 95 anos de idade, não pretendo exercitar as artes de mentir e roubar. Eu sou jovem. Sou da geração Y.

Quem é o autor deste admirável manancial de vícios e pecados? Há controvérsias históricas. O padre Antônio Vieira é acusado, sem provas, por ter proferido o Sermão do Bom Ladrão. Também foram indiciados, no século 16, alguns hereges.

O autor misterioso dedicou o livro a Dom João IV, Rei de Portugal e Algarves, e explica em dedicatória: “(….) Digo que este mundo é um covil de ladrões. (….) Não ensina ladrões o meu discurso, ainda que se intitula Arte de furtar, ensina só a conhece-los para os evitar”. Naqueles tempos os reis, presidentes, ministros, diretores da Petrobras e do BNDES, as turmas das rachadinhas, vacinas, as excelências em geral vivam cercados de gatunos.

Inventário de unhas dos ladrões: furta-se com unhas reais; com unhas pacíficas; com unhas militares que fazem as guerras; unhas bentas; unhas sábias; unhas políticas, unhas ignorantes; unhas amorosas; unhas sábias; unhas na língua; unhas maliciosas. “Todas são unhas malditas e sujeitas a excomunhões”.

Haverá três tesouras para cortar as unhas malditas: vigia, degredo e polícia. No Brazil faltam tesouras para cortar as unhas, as línguas, as barbas e as asas dos ladrões.

O meu livro “Planeta Micróbio – A humanidade é blue” foi escrito com unhas e dentes e coração. Eu não ensino ninguém a roubar, juro por Zeus. Os personagens são seres da microsfera, vírus, bactérias, protozoários, e também macróbios, os Sapiens, Adão e Eva, a Arca de Noé, vacinas, meu colega o filósofo grego Aristóteles e outros bichos. Zap delivery Livraria Jaqueira 3265.9455. Leiam, galera, com olhos amorosos.