OMS: ‘Busca por origem da Covid está envenenada pela política’

Órgão reagiu à ofensiva dos EUA para encontrar origem do vírus

Diretor da OMS Mike Ryan criticou novas investigações sobre origem da Covid Foto: EFE/ Salvatore Di Nolfi

O especialista em emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, declarou nesta sexta-feira (28) que a investigação sobre a verdadeira origem do coronavírus está sendo “envenenada pela política”.

A afirmação surge dias após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, lançar uma ofensiva, por meio dos serviços de inteligência, para encontrar respostas sobre o surgimento do vírus.

– Gostaríamos que todos separassem, se puderem, a política deste assunto da ciência. Este processo todo está sendo envenenado pela política – disse Mike Ryan aos repórteres.

Joe Biden determinou que órgãos de inteligência dos EUA produzam, em até 90 dias, um relatório informando se a Covid-19 surgiu do contato de humanos com animais infectados ou se o vírus é resultado de um acidente em um laboratório em Wuhan, na China.

Esta última tese voltou a ganhar força recentemente nos EUA, após vir à tona a informação de que os primeiros contaminados com o vírus foram trabalhadores e pesquisadores de um laboratório que estuda o coronavírus, e não clientes de um restaurante em Wuhan, conforme havia informado as autoridades chinesas.

No entanto, a própria OMS já havia praticamente descartado a possibilidade de a Covid-19 ter escapado de um laboratório. Em um relatório elaborado após uma visita técnica a Wuhan recheada de polêmicas, a OMS considerou que “introdução através de um incidente de laboratório foi considerada uma rota extremamente improvável” para a propagação do vírus.

Ainda segundo o documento, a probabilidade mais plausível é de que o vírus tenha sido transmitido de morcegos a humanos por meio de outro animal desconhecido.

– Cada país e cada entidade são livres para buscar suas próprias teorias de origem particulares, é um mundo livre. A OMS é uma organização e procuramos trabalhar com todos os nossos estados membros para buscar respostas coletivamente – disse Ryan.

Contudo, a conclusão não agradou muitos líderes. Na última quinta, os EUA pediram que a OMS fizesse um novo relatório.