ONDE TEM VENDA, TEM COMPRA. Por Por  José  Nivaldo  Júnior

Resultado de imagem para jose nivaldo junior   Por  José  Nivaldo  Júnior  – Consultor em comunicação,advogado,historiador, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras.  

O desmatamento do País começou antes mesmo de 1500. Quase todas as áreas que existem, cultivadas ou ocupadas por cidades, foram um dia vegetação nativa. O descalabro secular foi tamanho que hoje poucos brasileiros conhecem um pau brasil. Isso não justifica nada do que acontece atualmente mas ajuda a entender o fenômeno. Essa madeira toda se transformou em fumaça ou em artigo de tráfico. Rumo à gloriosa e invicta Europa, inicialmente. À América do Norte, mais recentemente. Se ainda agora existem desmatadores, vendendo madeira ilegal da floresta amazônica, existem compradores que são no mínimo tão culpados quanto eles.

CAÇA AOS CORUPTOS
Numa transação ilegal e de alto valor, vendedor e comprador fazem parte indissociável do mesmo crime.
Muito bem. Estão na pauta possíveis e tradicionais casos de corrupção na Ibama, no Ministério do Meio Ambiente ou omissão em diversos escalões do Governo. Acusações gravíssimas. Péssimas para Bolsonaro que foi eleito prometendo que isso não aconteceria no seu governo. Até por isso, precisa ficar tudo muito bem explicado. Cabe à Polícia Federal e ao STF investigar, acusar, provar, julgar, condenar, se for o caso. Tudo, como deve ser, sem deixar margem para dúvidas. Com o mais amplo direito ao contraditório, ao sagrado direito de defesa.
Reitero minha posição acerca de inquéritos e processos. Sou um rígido seguidor do texto constitucional: ser investigado, indiciado e até processado é normal na vida pública. Só que ninguém é culpado até sentença transitada em julgado. Vale para rigorosamente todos.

CULPA ANTECIPADA
Se nesse caso já existem culpados por antecipação, são os governos dos mercados compradores da madeira ilegal, objeto das investigações. Segundo a PF, os principais receptadores são comerciantes e industriais dos Estados Unidos e da Europa. Disso, não tenho dúvida.
Os governantes norte-americanos e europeus são useiros e vezeiros em ditar regras ambientais. Posando sempre de bons moços e boas garotas, no cenário internacional. Reclamam da devastação da Amazônia, financiam ONGs suspeitas para atuarem como “guardiãs da floresta”, porém não fazem nada de efetivo para combater o tráfico.

SE FOSSEM PALITOS…
Estamos tratando de enormes toras de madeira. Impossíveis de entrarem em outros países em malas de viagem ou na barriga de algum infeliz que serve ao tráfico de drogas. São balsas e navios portentosos, avistados à distância, monitoráveis por satélites, nunca poderiam passar despercebidos em qualquer porto do mundo. Já ouviram falar que algum desses cargueiros bilionários foi apreendido? É claro como o dia que existe uma vasta rede de corrupção nos Estados Unidos e na Europa para acobertar a entrada da madeira ilegal. Esse contrabando triplamente criminoso, é praticado diante dos narizes arrogantes desses devastadores indiretos que têm o cinismo de cobrar aos outros sem fazer sequer o mais primário dever de casa.

RÉUS CONFESSOS
Ao denunciarem a devastação da Amazônia e não adotarem nenhuma política para deter o tráfico da madeira, os países envolvidos na recepção da mesma tornam-se simultaneamente réus confessos e criminosos internacionais.
Querem deter a devastação predatória da floresta? Têm meu apoio incondicional. Agora, que tal cumprir a sua parte e começar a apreender os carregamentos ilegais? E também processar as grandes empresas transportadoras, os mega receptadores e toda a cadeia de produção, manipulação e transformação dessa madeira, cujo destino final costuma ser estruturas e mobiliários para casas confortáveis. Onde residem muitos falsos defensores do Meio Ambiente, na verdade barulhentos cúmplices do desmatamento. Pessoas que defendem a floresta nos discursos e se beneficiam cinicamente da sua devastação.
Afinal, é lei do mercado desde sempre: se não tem comprador, não tem vendedor. Esse é o foco no lugar certo, se o objetivo é mesmo acabar com esse crime secular.
Você lembra de alguma autoridade ou sumidade internacional preocupado em ver o problema por esse ângulo?
Alô, ONU.
Alô G 20.
Alô Organização Mundial de Comércio.
Alô mídia.
Alô, Monsieur Macron…

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