Médicos ressentidos com CPI

 

Por José Nivaldo Junior*

Já repeti inúmeras vezes que não tenho qualquer presunção de entender de medicamentos. Mas de controle ideológico, das tentativas, métodos e mutretas no sentido de formar um “pensamento único”, desculpem, disso eu entendo. Combinando mais de 50 anos de atividades na área de comunicação com minha formação e ensino  de graduação e mestrado, como historiador de idéias, estudei a fundo alguns fenômenos. Por exemplo,  fui o primeiro a dizer que O PRÍNCIPE, o emblemático  roteiro  do maquiavelismo, não passa de um livro precursor do atual marketing político. Com essa tese, meu livrinho (no tamanho)  MAQUIAVEL, O PODER ganhou o mundo. É traduzido do inglês ao mandarim. É a única obra de autor vivo a integrar a coleção “A Obra-Prima de cada Autor”. Só para citar uma credencial, para aqueles que não me conhecem.

CIÊNCIA É MOVIMENTO

A medicina não é uma ciência exata, muito menos pronta e acabada. Pelo menos desde Hipócrates está em permanente elaboração. Até um dia desses, era protocolo sangrar os doentes. O que é científico ou não, em todas as áreas, também é relativo. Há menos de 500 anos, para escapar da fogueira, Galileu Galilei teve que se retratar. Diante de uma solene CPI da época,  reunindo as sumidades astronômicas e eclesiásticas,  teve que afirmar que a terra não se move. “Eppur se muove” teria dito baixinho aos inquisidores. Traduzindo: apesar disso ela se move. Ciência, definitivamente, não combina com dogmas.

INTOLERÂNCIA

Desde o início da pandemia defendi  a aplicação da Declaração de Helsinqui, documento que pauta a ética médica no mundo. Lá diz que a prescrição de medicamentos é de livre decisão medico/paciente. Por isso, jamais entendi a fúria inquisitorial que se criou com relação a medicamentos usados para tentar amenizar o efeito da Covid. A Cloroquina se transformou em  símbolo dessa intolerância.
Aliás, jamais entendi é força de expressão. Entendi muito bem. Noves fora os muitos médicos que combatem o uso da Cloroquina, da Ivermectina, da Azitromicina para reforçar o organismo no enfrentamento do vírus,  por pura e legitima convicção, a maioria das oposições intolerantes decorrem dos fios invisíveis que movimentam  interesses bilionários em jogo. Simples assim.

A INQUISIÇÃO VENCE. POR  ENQUANTO

A luta contra os dogmatismo são, muitas vezes, seculares. Paciência. É assim que caminha a humanidade. Por isso, milhares de médicos que no primeiro momento se dispuseram voluntariamente a contribuir na luta pela humanidade, usando o que acreditam, como a Cloroquina, por exemplo,  recolheram seus flaps. Cansaram de apanhar. De serem tratados como “charlatões”, como disse a deputada  Jandira Fregalli. De responderem a processos que se anunciam como longos, custosos e aborrecidos. Esse movimento silencioso  tem consequências. Por coincidência, após  o seu desencadeamento, a ocupação de UTIs e o número de casos  fatais, disparou no país. O que magoa profundamente milhares de médicos é a atitude dos seus colegas parlamentares, inclusive na CPI. Que além de não defenderem o Documento de Helsinqui criminalizam os colegas que fazem uso de suas prerrogativas.

DESFECHO RUIM

Hoje, conversei com um cirurgião que na faculdade foi bom aluno em quase todas as cadeiras. Tem boa base. No início da pandemia, reciclou seus conhecimentos clínicos,  se fez voluntário. Tratou 600 pacientes com o coquetel básico (apelidado de tratamento precoce). Não perdeu nenhum. Uns três meses atrás,  jogou a toalha. Sentindo -se questionado  pelos  pacientes, contaminados pela grande de imprensa. Ressentido com os colegas parlamentares. Furioso com certas entidades médicas que se atrevem a por sub judice colegas que apenas usaram seus direitos universalmente adquiridos. Quando perguntei  se havia suporte para o uso da cloroquina no auxílio à resistência à Covid, foi enfático: ” Não existe coisa mais comprovada na medicina. Mas essa batalha está perdida. Ganhou o obscurantismo. Ganharam os verdadeiros genocidas. Como Galilei fez, estou  esperando que a humanidade descubra, por ela mesma, que a terra se move. Eu vou é tentar sobreviver em paz”.

Não digo que sim nem que não.

Jogo esse texto na cova dos leões, para crítica e reflexão.

*Publicitário. Texto publicado no jornal O Poder Brasil, do qual é fundador.