Em turbulenta relação com Boslonaro, Mourão admite a possibilidade de deixar o governo e concorrer ao Senado

Mourão descarta enfrentar Bolsonaro em 2022, alegando questão de lealdade

Daniel Carvalho
Folha

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) admitiu nesta quinta-feira, dia 22, a possibilidade de deixar o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) antes do fim do mandato para disputar uma cadeira no Senado Federal. “Pode ser que seja necessária a minha participação para concorrer ao Senado. Isso ainda está em estudo”, disse Mourão em entrevista à TV Aberta de São Paulo em uma rede social.

O vice-presidente não detalhou por onde poderia concorrer, mas o nome dele é sempre levantado como candidato no Rio Grande do Sul, seu estado natal e local onde tem influência política. Mourão disse que hoje está preparado para acompanhar Bolsonaro até o final do mandato, mas que a saída pode ser antecipada “se, por acaso, houver uma outra oportunidade de eu contribuir para a melhoria do nosso país”.

TURBULENTA RELAÇÃO – Bolsonaro vive uma turbulenta relação com Mourão e vem procurando um nome para acompanhá-lo na chapa que tentará a reeleição. Inicialmente, Bolsonaro queria como parceiro alguém sem vínculos políticos para reduzir as chances de ser traído.

No entanto, a volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao jogo político pode fazer com que Bolsonaro mude seus planos para minar candidaturas de centro e evitar uma debandada de legendas do centrão, bloco que hoje está em sua base aliada, mas tende a se aproximar de quem considerar ter mais chances de vitória.

Um dos nomes lembrados para o posto é o do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que, a interlocutores, nega a intenção de disputar qualquer cargo no ano que vem. Distante da chapa, Mourão descartou qualquer possibilidade de enfrentar Bolsonaro em 2022, alegando questão de lealdade.

ÉTICA – “Hoje eu não vejo nenhuma possibilidade de candidatura minha à Presidência, uma vez que o presidente Bolsonaro é candidato, e eu jamais irei concorrer contra dele. Isso é uma questão que está fora dos meus preceitos éticos. Não concorro contra o presidente Bolsonaro”, afirmou.

Sem cravar que, de fato, vai enfrentar as urnas nas próximas eleições, Mourão disse que sua prioridade hoje é a aposentadoria. “Na realidade, hoje, a linha de ação número um é terminar o mandato e, a partir daí, retornar à minha vida, vamos dizer assim, de aposentado, que eu acho que eu já dei uma contribuição de 50 anos para nosso país. Acho que eu mereço um pouco de descanso”, afirmou o general da reserva.