COMO MORO FOI TRANSFORMADO EM VILÃO

 

A edição semanal da Crusoé  é especial. Na contramão do que vem sendo publicado sobre o julgamento que decidiu pela parcialidade de Sergio Moro nos processos contra Lula, condenado pelo então ex-juiz por corrupção e lavagem de dinheiro, a revista mostra como o julgamento na Segunda Turma do STF foi o ápice de um projeto destinado a exterminar a Lava Jato e a  possibilidade de outras operações como ele nunca mais surgirem no Brasil. O recado é claro: “Não ousem mexer com poderosos”. A Crusoé não só mostra o que ocorreu, como o que poderá vir pela frente.

Leia um trecho de uma das reportagem da Crusoé sobre o massacre sofrido por Moro e procuradores:

“ Quando a Lava Jato deflagrou suas primeiras ações ostensivas, em 2014, figuras como o doleiro Alberto Youssef e o então diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa eram completamente desconhecidas da população, mas o esquema de corrupção ao qual eles serviam sempre habitou o senso comum brasileiro como um flagelo concreto e irreparável. À exceção do mensalão, inúmeras investigações envolvendo crimes praticados por políticos e grandes empresários ficaram pelo caminho.

Desmantelar um complexo e sistêmico modelo de desvio e lavagem de dinheiro mediante o aparelhamento da máquina pública e o pagamento de vultosas propinas era inimaginável. O ciclo de impunidade só foi rompido há sete anos, quando o então juiz federal Sergio Moro começou a aplicar o rigor da lei aos criminosos levados à 13ª Vara Federal de Curitiba pelos procuradores do Paraná que investigavam os desmandos na maior estatal brasileira. A força-tarefa montada para apurar o escândalo e o amplo apoio popular levaram a Lava Jato a atingir o extraordinário resultado de 219 condenações e mais de 5 bilhões de reais recuperados. Mas à medida que foi se desdobrando em novas frentes, a operação também foi somando novos e poderosos inimigos. Nos últimos anos, não foram poucos os que tentaram destruir a Lava Jato, mas ninguém teve a habilidade – e o poder – para cumprir essa missão como o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

Nesta edição especial, Crusoé  traz uma série de reportagens mostrando como a estratégia utilizada por Gilmar e outros detratores da Lava Lato para asfixiar a maior operação de combate à corrupção da história alcançou seu ápice, abrindo um flanco de dimensões oceânicas para anular dezenas de condenações, com a declaração, na última terça-feira, 23, de que Sergio Moro foi parcial ao julgar e condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex do Guarujá.