BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta sexta-feira a demissão do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.  Em um post em redes sociais, Bolsonaro afirmou que o novo chefe da estatal é Joaquim Silva e Luna, diretor-geral da Itaipu Binacional e ex-ministro da Defesa no governo Temer (MDB).

A estatal não tinha um presidente militar desde 1988.

“O governo decidiu indicar o senhor Joaquim Silva e Luna para cumprir uma nova missão como Conselheiro de Administração e Presidente da Petrobras, após o encerramento do ciclo, superior a dois anos, do atual presidente, senhor Roberto Castello Branco”, diz a nota reproduzida por Bolsonaro, assinada pela assessoria de comunicação social do Ministério de Minas e Energia.

Castello Branco é substituído após anunciar o quarto aumento no preço dos combustíveis.

Silva e Luna completaria dois anos à frente da parte brasileira de Itaipu no próximo dia 26. Sua gestão é frequentemente elogiada em público por Bolsonaro, que costuma creditar benefícios gerados ao Estado do Paraná ao trabalho do general da reserva, de 71 anos.

Bolsonaro pediu a saída de Roberto Castello Branco do comando da Petrobras numa reunião nesta quinta-feira no Palácio do Planalto, após o quarto aumento no preço dos combustíveis anunciado pela empresa, o que irritou o presidente.

A reunião ocorreu pouco antes da transmissão ao vivo nas redes sociais em que Bolsonaro criticou a estatal e disse que “alguma coisa” iria acontecer na Petrobras, posição reforçada na manhã desta sexta.

O presidente da estatal vinha irritando Bolsonaro por conta do aumento dos combustíveis, especialmente o diesel. A situação se agravou depois que Castello Branco, em Janeiro, ainda sob a pressão da ameaça de greve dos caminhoneiros, afirmou que a insatisfação da categoria é “um problema que não é da Petrobras”.

O presidente vinha dizendo a interlocutores que Castello Branco é “insensível”, tem uma gestão voltada exclusivamente a dar lucros para os acionistas privados, além de lembrar que a estatal é monopolista no segmento de refino. O presidente também tem dito que a estatal não está sendo transparente na sua política de preços.

A gota d’água para a troca foi o reajuste de 14,7% no diesel e de 10% na gasolina nas refinarias, anunciado pela Petrobras. Foi o quarto reajuste do ano e começou a valer nesta sexta-feira.

Há duas semanas, quando já havia pressão pelos reajustes seguidos nos combustíveis, Bolsonaro convocou uma reunião ministerial com diversos ministros e Castello Branco. Em seguida, eles deram uma entrevista coletiva para anunciar possíveis medidas no setor.

Em sua fala, Bolsonaro fez questão de ressaltar que “convidou” Castello Branco (ao contrário dos ministros, que foram “convocados”) e que não haveria interferência. Em seguida, afirmou que o “coração” do presidente da Petrobras era igual ao seu e que os dois queriam “o bem do Brasil”.

— Jamais controlaremos o preço da Petrobras. A Petrobras está inserida no contexto mundial com suas políticas próprias e nós a respeitamos. O coração do senhor Castello Branco, não é diferente do meu. Queremos o bem do Brasil, o bem do nosso povo — declarou o presidente, no último dia 5.