João exonera gerentes da Secretaria de Saúde

O prefeito do Recife, João Campos (PSB) exonerou, na última segunda-feira (8), através de portarias publicadas no Diário Oficial, as chefias de quatro gerências administrativas da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). Os responsáveis – três cargos comissionados e um servidor efetivo – estavam à frente das gerências desde a administração Geraldo Julio e foram nomeados em janeiro pelo novo prefeito para continuar os trabalhos na gestão municipal.

Foram exonerados: a gerente de Administração, Carla Cristina de Godoy Novaes; a gerente geral de Regulação, Mônica Lisboa da Costa Vasconcelos; o gerente de Compras, Paulo Henrique da Motta Mattoso; e a gerente de Conservação de Rede, Mariah Simões da Mota Loureiro Amorim Bravo, que é sobrinha de Sileno Guedes, presidente do PSB Pernambuco e secretário de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude do Estado.

O quarteto é investigado por órgãos de fiscalização como o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) devido a indícios de irregularidades nas contratações e compras para o enfrentamento à pandemia da Covid-19. Em 2020, a Secretaria de Saúde foi alvo de sete operações da Polícia Federal e de 41 auditorias especiais em andamento no TCE.

Na semana passada, a deputada estadual Priscila Krause (DEM) trouxe à tona a informação de que a gestão João Campos havia mantido à frente de sete cargos de chefia administrativa da Sesau os mesmos servidores que coordenaram o processo de aquisição de equipamentos, medicamentos e insumos assistenciais para a pandemia, um conjunto de contratações via dispensa de licitação que chegaram a somar, só na Secretaria de Saúde, mais de R$ 410 milhões – o maior conjunto de despesas emergenciais por habitante de todas as capitais do País. A parlamentar lembrou que João Campos, ainda como candidato, havia dito em entrevista à Rádio Jornal que “confiava na equipe” depois de ser questionado sobre as denúncias de malversação de recursos na Pasta.

De acordo com Priscila, é fundamental que a gestão atual da Prefeitura do Recife respeite o trabalho dos órgãos de controle e tenha “real zelo” por cada tostão enviado pelo Sistema Único de Saúde para salvar vidas na rede municipal: “é evidente que é preciso aguardar o desfecho das investigações para que a Justiça e os órgãos de controle tomem as medidas cabíveis contra os responsáveis, mas manter tudo como estava, diante de tantos elementos já constatados pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal, Estadual, pela equipe técnica de auditorias do TCE, é um acinte contra o cidadão recifense. Eu digo e repito que o novo prefeito deveria ler o resultado de cada auditoria já finalizada no TCE. O prejuízo alcança muitas dezenas de milhões e nós vamos ser insistentes para que o cidadão recifense não seja vítima duas vezes: da pandemia e da corrupção”, registrou.

Da estrutura atual da Secretaria de Saúde, ainda seguem à frente dos mesmos cargos desde a gestão Geraldo Julio: o gerente de Assistência Farmacêutica, o gerente de Apoio Jurídico, Administração e Finanças e a diretora executiva de Administração e Finanças. Os indícios de irregularidades nas compras emergenciais da Pasta para o plano de contingência da pandemia envolvem a aquisição de aventais, agulhas, coletores de urina, luvas cirúrgicas, luvas de procedimento, máscaras de não reinalação, medicamentos; monitores multiparamétricos, ventiladores, cateteres, filtros higroscópicos, camas, macas e poltronas hospitalares, aparelhos de Raio-X, entre outros.