OS PÁSSAROS NUNCA DEIXAM AS ÁRVORES. Por Flávio Chaves

Por Flávio Chaves – Jornalista, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc

Há algo que aponta para dentro de nós levando à imensa interrogação. E batendo dentro da gente, quase como que a incomodar nos provocando à direção de um olhar. De repente descubro para onde se é chamado a ver e sentir. Nada mais do que esta árvore desfolhada pela estação do tempo, quando perdeu suas folhas, seu verde, mas não perdeu a esperança. Está de pé, firme, plantada no jardim de minha casa, como a minha infância está ainda em minha alma.

Porém, o que impressiona e que fica difícil acreditar é que as aves estão ainda ali fazendo sua morada. Verdade, devo crer, pois nunca dali partiram em um voo definitivo. Ainda posso ver os pássaros, mesmo quando folhagem já não há. Naquilo seco e em galhos a céu aberto ainda pousam, dormem e sonham ,dando lição de permanência, sem o agasalho verde das folhas.

Olho em volta e os vejo inteiros, com vida plana e plena, e cantos alegres e afinados ,em profunda euforia. E não vão nem querer ir além do que são, sentem e vivem. As plantas do jardim mandam perfume, se balançam ao vento. Pois, há algo muito maior de mistério que não vemos no encontro dos pássaros e da árvore.

É o que sinto nessa hora exata de alumbramento. Portanto, nunca abandonemos a árvore, o vento e os pássaros, pois, é ali que mora o encanto do coração da natureza. E tudo em nossa vida é fascínio, surpreendente e mágico. Oremos e sigamos os pássaros que nunca abandonam as árvore em seu deserto.

Os pássaros sabem cantar e encantar, mas não sabem dizer adeus.