Sileno investigado por desvio de cestas básicas

Um dos principais coordenadores da campanha de João Campos (PSB), o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, foi notificado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), agora em novembro, por suposto desvio de recursos públicos na compra emergencial de cestas básicas para distribuição à população pobre durante a pandemia de covid-19. A compra emergencial foi de R$ 12 milhões e Sileno Guedes, até agora, não apresentou nem mesmo todos os recibos da entrega das cestas básicas.

A Secretaria de Desenvolvimento Social de Pernambuco, comandada por Sileno, já tinha sido alvo da Operação Inópia, da Polícia Federal, em junho de 2020, para apurar este suposto crime de desvio de cestas básicas. Em 4 de junho de 2020, ocorreu busca e apreensão da Polícia Federal dentro da Secretaria comandada pelo presidente estadual do PSB.

Apesar de Sileno Guedes ser auditor concursado do TCE, assim como Paulo Câmara e Geraldo Júlio, os seus colegas de Tribunal consideraram os fatos graves.

“Foram constatadas graves irregularidades entre a Secretaria e a empresa Juntimed Produtos Farmacêuticos e Hospitalares, dentre as quais é possível destacar as seguintes: fortes indícios de que a empresa contratada é inidônea, fortes indícios de que o preço contratado encontra-se superfaturado, ausência de comprovação dos recibos de entrega de cestas básicas, descumprimento dos termos acordados quanto à entrega de cestas básicas, entre outras”, apontaram os auditores, em relatório.

Segundo os auditores do TCE, o valor total da compra era de R$ 12 milhões, sendo que a Secretaria de Sileno já teria pago R$ 7 milhões do total. Surpreendeu os auditores do TCE a “ausência de comprovação dos recibos de entrega de cestas básicas”.

As 200 mil cestas básicas supostamente seriam destinadas às prefeituras, mas nenhum prefeito do Estado, sob reserva, informa ter visto esta enorme quantidade de cestas sendo distribuída. O Governo do Estado estranhamente também não fez propaganda nas redes sociais desta distribuição, como habitual.

Os auditores do TCE queriam uma cautelar para suspender imediatamente o pagamento ainda pendente pelo Estado de R$ 5 milhões para a empresa contratada sem licitação. O conselheiro Carlos Neves, ex-advogado do PSB contratado para campanhas eleitorais pelo próprio Sileno Guedes, contudo, não atendeu o pedido dos auditores do TCE. A cautelar, por enquanto, não foi concedida. Neves também já foi advogado de Paulo Câmara e Geraldo Júlio.

O conselheiro do TCE preferiu dar amplo direito de defesa a Sileno Guedes, antes de barrar preventivamente o pagamento suspeito. Sileno recebeu um ofício de Carlos Neves, abrindo prazo para se defender. Neste meio tempo, o pagamento poderá ser feito e o suposto prejuízo do Estado consumado.

Outros membros da família também são alvo de investigações. A sobrinha de Sileno Guedes, Mariah Bravo, assessora da Secretaria de Saúde do Recife, também é investigada em várias das operações da Polícia Federal sobre gastos da covid-19 na Prefeitura do Recife.