Intervenção do ministro da Defesa não resolverá a crise aberta pelo presidente Jair Bolsonaro

Ministro da Defesa e comandantes militares assinam nota conjunta em que afirmam a separação entre as Forças Armadas e a política | Política | G1

Vicente Nunes
Correio Braziliense

É grave a crise e o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, entrou no circuito para jogar água na fervura na crise aberta pelo presidente Jair Bolsonaro com os militares. Em nota divulgada neste sábado (14/11), também assinada pelos chefes das Forças Armadas — general Edson Pujol (Exército), almirante de esquadra Ilques Barbosa Junior (Marinha) e tenente-brigadeiro do ar Antonio Carlos Bermudez (Aeronáutica) —, Azevedo diz que Bolsonaro tem demonstrado “apreço” pelas tropas e tem sido “correspondido”.

A crise entre o presidente da República e os militares atingiu seu ápice nesta semana, diante do embate de Bolsonaro com seu vice, general Hamilton Mourão, o qual, segundo o chefe do Executivo, só não sairia do governo porque era “indemissível”, e diante das declarações de que o Brasil poderia recorrer à pólvora em caso de enfrentamento com os Estados Unidos. As Forças Armadas viraram motivo de chacota.

PARAR COM O SHOW – O descontentamento dos militares em relação a Bolsonaro ficou claro nas recentes declarações de generais, seja em eventos públicos, como foi o caso de Pujol, que indicou que a política não pode entrar no Exército, seja por meio das redes sociais. O general Santos Cruz, que foi ministro no atual governo, disse que o presidente deveria “parar com o show” e ser menos “arrogante”, no que foi acompanhado do general Paulo Chagas.

Quem acompanha os bastidores das Forças Armadas e do governo afirma que os dois lados resolveram baixar a guarda para uma boa convivência. Mas não se sabe até quando a trégua será mantida. Os defensores de Bolsonaro nas redes sociais, incluindo os filhos do presidente, não parecem dispostos a reduzir o ataque que vêm fazendo contra os militares. Portanto, o estranhamento tende a continuar.