Escritora e jornalista, Clarice passou a maior parte da sua infância morando no Recife
Autora de ensaios, romances e contos, Clarice é reconhecida por seu caráter intimista e experimental. Ela era capaz de transformar situações cotidianas em grandes reflexões, com um discurso voltado para o íntimo de seus personagens. Um casal caminhado na rua é transformado na intensidade do nascimento da paixão, em “Por não estarem distraídos”; e um banho de mar pela manhã se mescla com o frio, o sexo e a pequenez humana em busca da coragem em “Águas do mundo”. Clarice se debruçava sobre o ser e a existência em todas as suas produções.
A casa onde viveu Clarice, número 347, na Praça Maciel Pinheiro, é de propriedade da Santa Casa de Misericórdia e está protegida legalmente por meio do tombamento provisório em nível estadual pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e em análise preliminar no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para tombamento federal. O custo para restauro da casa é orçado em R$ 1,8 milhão e a Fundaj está concorrendo recursos junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública no edital sobre Fundo de Direitos Difusos, que são recursos voltados para vários segmentos, entre eles o de preservação de patrimônio, para recuperar a instalação.
Apesar de toda sua importância no âmbito da memória e patrimônio cultural, o imóvel encontra-se abandonado, em avançado processo de degradação e já se constatando perda de elementos arquitetônicos originais. Com a reforma realizada, a Fundaj pretende inaugurar o Centro Cultural Casa Clarice Lispector, em memória da escritora.