Mitos verdadeiros. Por FRANCISCO DACAL

 Por FRANCISCO DACAL – Escritor e administrador de empresas

Mito é um conceito cheio de ambiguidade, em qualquer direção. Pelo extraordinário, todo cuidado é pouco.   

    Sobre os mitos, há os das narrativas fantásticas. Históricas. Em contraponto, há os das narrativas pejorativas, que, agora, modernamente, a este grupo, pode ser incluído os caracterizados sem base de sustentação via redes sociais. 

    Mas aqui vamos considerar os mitos sob o ângulo da razão. Por realizações e fatos concretos de personagens que deixaram marcas indeléveis, ao agregar elevado valor às suas atividades e ações específicas, com expressivos legados para o futuro.

    Colocando os pés no chão, caro leitor, o mundo virtual, em linha, tornou as nações e as pessoas próximas, assim como os produtos e o conhecimento ao alcance fácil de todos. Um disfarce para criar tipos não pega mais com a facilidade de épocas passadas. 

    O Brasil tem seus mitos reais. Citando alguns, evoquemos o Bruxo do Cosme Velho, o Pai da Aviação, o Abolicionista, o Águia de Haia e o Poeta da Vila que compôs o famoso verso: Quem é você que não sabe o que diz? / Meu Deus do Céu, que palpite infeliz… Deles, conhecemos a vida, a qualidade e dimensão da obra. A herança que deixaram faz jus ao reconhecimento. Há outros nomes, não tantos, que, com critério, dessa forma podem ser vistos. As opiniões são abertas. 

    Só o tempo é capaz de atribuir esse tipo de imagem a uma pessoa. Os modos fugazes, simplistas e de imposição, do presente, não cabem. Não há substância para isto. Cervantes, no Quixote, escreveu: “A virtude há de ser honrada onde quer que se encontre”. Podes crer, existindo. 

    Neste mês de outubro, duas figuras entraram em evidência na imprensa mundial, por um paralelo de datas. John Lennon e o Pelé (Edson Arantes do Nascimento) chegaram aos 80 anos de idade, dia 9 e 23, respectivamente. Dois gênios, verdadeiros mitos internacionais. Sim. Da área do entretenimento. Musical e desportivo. Do rock e do futebol. Dos Beatles de Liverpool e do Santos e Seleção Brasileira. Ídolos de gerações. Em comum, pregaram a Paz.

    John Lennon, lamentavelmente, foi assassinado, em Nova York, na frente de sua casa, no dia 8 de dezembro de 1980. Quanta coisa boa parou de fazer, precocemente. Perdemos. Mas suas músicas continuam sendo tocadas, para nosso deleite. Imagine, Stand By Me, Mother, Woman, Give Peace a Chance, Happy Christmas… 

    Pelé, o melhor jogador de futebol de todos os tempos, endeusou a camisa 10, tem muito a comemorar em vida. Os brasileiros também. Único Tricampeão Mundial de futebol. Possui feitos inigualáveis – entre eles, foi campeão mundial, pela primeira vez, na Copa de 1958, aos 17 anos, o mais jovem, até hoje, atuando como titular na Seleção, onde marcou seis gols, sendo três nas semifinais e dois na final. Na carreira, o repertório de jogadas e a pluralidade de gols são eternos.

    Um grande parabéns! A Lennon, na eternidade, e a Pelé, na Terra. Eles merecem, demais.