Ministério da Justiça entrega dossiê com dados de servidores opositores de Bolsonaro ao STF e à PGR

STF julga nesta quarta a ação que contesta a produção do relatório

Deu no G1

O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou nesta segunda-feira, dia 17, que enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) documentos relativos ao suposto dossiê com dados de servidores públicos opositores ao governo Jair Bolsonaro.

Segundo a pasta, a documentação enviada a STF e PGR é a mesma que já foi entregue, na última semana, à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso Nacional. O material segue sob sigilo. Até esta segunda-feira, o governo não confirmava a informação de que o relatório contém dados de quase 600 servidores ligados a movimentos antifascistas. O caso foi revelado pelo portal Uol.

GRUPO DE TRABALHO – Além de entregar cópias dos documentos, o Ministério da Justiça anunciou a criação de um grupo de trabalho para elaborar e instruir: a Política Nacional de Inteligência de Segurança Pública (PNISP); a Estratégia Nacional de Inteligência de Segurança Pública (ENISP); e o Plano Nacional de Inteligência de Segurança Pública (PLANISP).

O grupo terá 60 dias para concluir os trabalhos, contados a partir da designação dos membros – todos, integrantes do governo federal ou das secretarias estaduais de segurança. “Por fim, o Ministério da Justiça e Segurança Pública reitera seu compromisso com o aperfeiçoamento contínuo da atividade de inteligência de segurança pública como instrumento de proteção e defesa da sociedade e do Estado”, diz a nota divulgada pela pasta.

AÇÃO SIGILOSA – Segundo a reportagem do portal Uol, “o Ministério da Justiça colocou em prática, em junho, uma ação sigilosa sobre um grupo de 579 servidores federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do ‘movimento antifascismo’ e três professores universitários”.

Ainda conforme a reportagem, a pasta “produziu um dossiê com nomes e, em alguns casos, fotografias e endereços de redes sociais das pessoas monitoradas.” O relatório foi feito pela Secretaria de Operações Integradas (Seopi), ligada ao ministério.

SEM EXPLICAÇÕES – Em nota divulgada no início do mês, o Ministério da Justiça e a Seopi não negaram a existência do dossiê nem explicaram por que produziram o documento, mas afirmaram que não compete à Seopi produzir dossiê contra nenhum cidadão, instaurar procedimento de cunho inquisitorial.

Segundo a nota, é rotina da Seopi obter e analisar dados para a produção de conhecimento de inteligência em segurança pública e compartilhar informações com os demais órgãos do Sistema Brasileiro de Inteligência. A secretaria, diz o ministério, “atua na prevenção de ilícitos e na preservação da segurança das pessoas e do patrimônio público”. O governo não explicou quais possíveis riscos essas pessoas listadas no relatório representavam.